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Juventude e coerência

November 19, 2014 22:45 , par Débora Nunes - 0Pas de commentaire | No one following this article yet.
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Nas manifestações de junho 2013, um fato encantou alguns e irritou outros: a insistência dos jovens em não designar líderes para as discussões com os governos. Quando havia alguma “comissão” para estas entrevistas, os representantes reiteravam que não eram líderes e sim “um manifestante como outros”. Para a geração anterior isto parecia um contrassenso: “se há reivindicações, há de haver líderes para serem porta-vozes do coletivo”, ou “se não há com quem negociar, como iremos avançar”?

Quem olha com esperança este comportamento pode encontrar aí uma semente para a política participativa de amanhã. Muitos jovens identificam com agudeza a incoerência de muitos líderes que “representam” o povo e que, na prática, defendem principalmente seus interesses pessoais, de grupos, de corporações, de partidos. Carregam a frustração de seus pais de verem tantos sonhos de ética na política esvair-se no ralo da vida real da “governabilidade”. Querem outra política na qual todos/as participem e os que são “porta-vozes” o sejam por um momento e voltem ao estatuto de cidadão comum quando a tarefa de servir ao coletivo tiver acabado. Muitos pensam e agem assim. De onde vem tanta coerência?

Esta é a primeira geração na qual uma parte significativa dos jovens tem liberdade de dizer em casa o que pensa, o que quer e o que faz. Defende seu ponto de vista face ao ponto de vista de pais menos autoritários; escolhe a profissão que quer seguir, mesmo que seja arte ou filosofia; diz que vai viajar com o namorado/a e não “com uma prima” e em muitos casos pode assumir em casa sua opção sexual, se ela não é a tradicional. Pessoas que não precisam mentir são menos tolerantes com a mentira alheia. Para estas, coerência não é virtude, é o normal, e se indignam ainda mais que seus pais com a vocação para a enganação de muitos políticos.  Para estas pessoas, comportamento privado e comportamento público não são distantes, como em gerações anteriores.

E há uma coisa mais nesta geração que os faz querer agir em grupo, de forma horizontal: o modelo das redes sociais. Com todas as fragilidades e os excessos desta forma de comunicação que se tornou tão presente na sociedade hoje, nela há muito mais igualdade de oportunidade de influir na vida social e política. Uma voz, ou um texto, quando faz sentido, pode provocar uma rede imensa de pessoas. Hoje é a opinião de um/a que mobiliza o grupo. Amanhã é a de outro/a. A rede é plana e cheia de nós nos quais cada pessoa é uma conexão que conta. Nada de estruturas verticais, piramidais, com um líder sobre os demais. Caminhamos para lideranças compartilhadas e sociedades mais participativas? As opções de muitos jovens hoje e as famosas manifestações de junho parecem indicar.


Les tags de cet article : coerência liderança compartilhada juventude

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