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Os quatro elementos, autoconhecimento e evolução

5 de Abril de 2022, 10:49 , por Débora Nunes - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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 Grupos   4 elementos forças e desafios

Débora Nunes

Tradições xamânicas de diversas origens, e a astrologia, trabalham os quatro elementos que constituem a Vida na Terra (Fogo, Água, Ar e Terra) como forma de busca de autoconhecimento e autossuperação. Outras tradições, como a chinesa, incluem o metal e a madeira como explicativos da realidade, outras incluem o éter como quinto elemento... É importante dizer que não há escolha certa ou errada no número e tipo de elementos definidos para se interpretar o mundo, são apenas escolhas que dependem do contexto. O importante é que essas referências podem ajudar a ter uma visão mais integrativa do mundo e assim contribuir com nossa interiorização e evolução como pessoas e mesmo como espécie humana.

Na Escola de Sustentabilidade Integral a escolha dos elementos Fogo, Água, Ar e Terra se conecta com a tradição xamânica brasileira e sul-americana em geral, como caminho de conexão com a Teia da Vida.  Assim, os quatro elementos são vinculados às quatro inteligências (da alma, do coração, da mente e do corpo) e ajudam na busca de uma maior harmonia e coerência entre o que almejamos sentimos, pensamos e fazemos. A percepção da força ou fragilidade dos elementos em si mesmo além de ser um caminho de autoconhecimento e autossuperação, é um meio de estimular a interação comunitária, já que o pertencimento a um elemento é um modo de constituir grupos de discussão, de trabalho e de ajuda mútua na comunidade ESI.

Segundo diferentes tradições, cada elemento tem aspectos favoráveis e desafios. Essas tradições diferem pouco entre si, mas o importante é estabelecer claramente como se está interpretando cada elemento para que o conceito comum nos permita trocas. Na lógica dos novos paradigmas, as verdades existem como interpretações partilhadas que constituem um espaço comum de conhecimento e vida. Assim pode-se interagir com outros espaços partilhados de interpretações sobre o mundo numa lógica de complementaridade e não de confronto. Uma soma de verdades diferentes é mais próxima da complexidade da realidade do que verdades em conflito que mutilam a realidade. Aqui, mais uma vez, busca-se praticar a noção de paradigma holístico, complexo, que pode combinar com liberdade influências de diferentes tradições (chinesa, ayurvédica, xamânica, etc).

Para a astrologia, o Fogo e o Ar são elementos Yang, masculinos, relacionados com a penetração, a atividade, a energia, a expansão, a comunicação. A Água e a Terra são elementos Yin, femininos, relacionados com o acolhimento, a introspecção, a fertilidade, a manutenção, a praticidade. Os arquétipos Yin e Yang, sempre complementares, são forças da Natureza, que, equilibrados, constituem coerência e harmonia. Na ESI, quando trabalhamos os elementos ligados à sua energia primeira, feminina ou masculina, os caminhos de harmonização interior ficam mais claros. A seguir explicitaremos brevemente o que se entende como aspectos favoráveis e desafios de cada elemento e formas de harmonizá-los. Em nós mesmos e assim no mundo, como nos explica a física quântica.

Para o Fogo, que representa a inteligência da alma, temos o vigor, a determinação, o entusiasmo, a coragem, a persistência e a aspiração espiritual como impulsos positivos do elemento. O excesso de fogo traz impulsividade, insensatez, raiva e irritação e grande suscetibilidade que leva a conflitos. A harmonização do elemento pode se dar pelo estímulo ou pelo arrefecimento conscientemente escolhido, segundo seu excesso ou falta. Para quem precisa estimular seu Fogo interior, recomenda-se, por exemplo, o contato consciente com o elemento: velas, fogueiras, exposição ao sol. Para acalmar o Fogo interior, a depender de cada caso, recomenda-se, por exemplo, o contato ritualizado, ou seja, em inteira presença, com a Terra: plantar, andar com pé no chão, modelar cerâmica, entre tantas outras ações. Uma cura que o elemento representa é a transmutação que ele permite daquilo que desarmoniza o Ser, como escrever uma carta para desabafar e queimá-la para que os sentimentos sejam transmutados.

Os aspectos favoráveis do Ar, que representa a inteligência da mente, são a independência, a clareza mental ao expressar-se, a cordialidade, a perspicácia, a fluidez. Já seus desafios são a instabilidade, a propensão à mentira, à irresponsabilidade, à fala inconsciente. Para se equilibrar o Ar é possível também utilizar a Água de forma ritualizada, em que cada gesto é feito com profunda atenção. O momento de tomar banho, de beber água, de lavar as mãos, de molhar as plantas, por exemplo, permitem o contato ritualizado com a Água. A depender do contexto, da pessoa, da situação, outros elementos podem ajudar na neutralização ou na potencialização do elemento em destaque. Uma cura que o elemento Ar representa é a possibilidade de conexão com a sabedoria Universal, a mente cósmica, acessada pela respiração consciente ou pela meditação.

Os aspectos favoráveis da Água, que representa a inteligência do coração são a propensão à serenidade, à moderação e modéstia e a capacidade de devoção. Quando a Água está desequilibrada, se pode observar depressão, indiferença, covardia, desânimo. Uma cura que o elemento Água representa é a possibilidade de conexão profunda com as emoções através do choro, água que pode acessada quando se evoca o sofrimento para entendê-lo e superá-lo. Para ajudar o equilíbrio do elemento Água se pode usar o Fogo, em contato ritualizado como foi sugerido acima. Como para todos os demais elementos, a criatividade de cada pessoa ao ritualizá-lo permite uma infinidade de processos de cura. O mais importante de tudo é a “presença”, o estado de consciência atenta ao momento presente em que se pratica o contato com o elemento. A força que mobiliza a cura e a evolução de cada Ser é a INTENÇÃO colocada na realização do ritual.

Os aspectos favoráveis da Terra, quando equilibrada no Ser, são a estabilidade, a confiabilidade, o realismo, o ancoramento no real, a capacidade de realização dos objetivos, de materializar os sonhos. Quando este elemento se encontra desequilibrado, ele coloca os desafios do materialismo, da superficialidade, da inconsciência e da estreiteza de visão e comportamentos preconceituosos. Pode-se tratar o desequilíbrio do elemento Terra com a ritualização do Ar, fazendo pranayamas (exercícios respiratórios), caminhadas ao ar livre com atenção à respiração etc. Uma cura que o elemento Terra representa é a possibilidade de sentir-se apoiado pela Mãe Terra, quando se trabalho junto com ela, cultivando um vaso, um jardim, uma plantação.

A Terra e o Fogo e o Ar e a Água são polaridades facilmente identificáveis como complementares, que se corrigem mutualmente em faltas e excessos. Entretanto, a depender do contexto, o excesso de um elemento, a Terra, por exemplo, pode ser amenizado com rituais com o Ar, mas também com a Água, e com o Fogo e assim acontece para todos os elementos. A complexidade da Vida nos diz que as simplificações e dualidades são didáticas e nos ajudam a decidir a direção de cura a seguir, mas não podem ser estreitas a ponto de nos fazer negar outras possibilidades que refletem a complexidade da realidade. O equilíbrio integrativo de todos os elementos, como das nossas inteligências espiritual, emocional, mental e corporal, demandam um olhar abrangente e inclusivo

Os elementos inspiram e organizam a metodologia da ESI. As pessoas dos grupos em formação são chamadas a escolher entre os quatro elementos dois que mais as representam, a partir das descrições acima. Sugere-se que cada participante use principalmente os desafios de cada elemento para se identificar. Diferente do mundo de egos inflados em que as pessoas apenas ressaltam suas qualidades ao se apresentarem, nos grupos da ESI elas são convidadas a partilhar suas vulnerabilidades. Ao fazerem isso e escutarem outras pessoas que também o fazem, cria-se imediatamente um ambiente de empatia que é bem mais construtivo e impulsionador de transformações.

A senha para o estado de espírito com o qual se deve escolher os elementos é a ideia de que “nossos defeitos são os exageros de nossas qualidades”, portanto, cada pessoa é convidada a olhar seus desafios com compaixão por si mesma. Naturalmente a mesma compaixão se estabelece com as outras e outros participantes. Faz parte da metodologia estimular também que as pessoas se deem conta de seus aspectos favoráveis vinculados aos seus elementos de predileção e sejam gratas por eles. Estimulando-se a consciência sobre os talentos e desafios de cada pessoa e empreendendo-se a busca de transformação de maneira coletiva fortalece-se o desenvolvimento pessoal e do grupo, acelerando a Transição para comportamentos de maior coerência.

As trocas entre participantes vinculados ao mesmo elemento, ou a elementos complementares, servem à maior clareza na elaboração do Plano de Transição, em que se busca estabelecer metas a alcançar na busca de mais coerência pessoal entre o que se faz, se diz, se pensa e se aspira. Ao longo do processo de formação, a partilha aprofunda os laços interpessoais, favorecendo o sentimento de pertencerem a uma comunidade intencional, um conjunto de pessoas que conhece seus desafios para evoluir e que está em busca concreta, passo a passo, dessa evolução. Esse coletivo de Transição co-criado significa apoio e incentivo a atitudes cada vez mais profundas e coerentes e que chocam o ambiente externo, conectado com velhos valores de egotismo, consumismo, desresponsabilização e julgamento. A comunidade intencional torna-se assim, para cada pessoa, um novo ambiente e estimulante externo que incentiva a responsabilidade com o Todo, a compaixão, a autenticidade e a simplicidade.

 


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Software, cultura e conhecimentos livres, Meio-ambiente, Consumo ético e solidário, Cultura
Tags deste artigo: espiritualidade xamanismo sustentabilidade coerência

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