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Visitando o novo mundo: Pedra do Sabiá

18 de Dezembro de 2022, 11:48 , por Débora Nunes - 0sem comentários ainda | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Persistência, beleza tropical e abundância


Começamos este projeto “Visitando o novo mundo” honrando a amizade. Passamos para ver, em Itacaré, nosso amigo Hugues de Rinquensen, ou simplesmente Hugo, como nós brasileiros que convivemos com ele o chamamos. Trata-se de um francês que escolheu o Brasil já há quatro décadas. Essa escolha significou muito para Hugo, mas também para as pessoas que têm a alegria de passar um tempo se voluntariando, sendo hóspede e recebendo trabalhos terapêutico na Fazenda Pedra do Sabiá, este "espaço de reconexão do Ser". Ou, ainda melhor, tornando-se residentes na comunidade da Pedra, onde se encontra um oásis de paz, beleza, ecologia e cooperação, com acolhimento amoroso e instalações bonitas e confortáveis.


A antiga fazenda de cacau de 200ha comprada por Hugo e sua ex companheira Isa teve sua área de nascentes transformada em RPPN - Reserva Privada de Patrimônio Natural (25ha), sua plantação de cacau tornada orgânica (50ha) e seus espaços de acolhimento abertos ao público. Hugo tem uma filha brasileira, Julia, e com Isa ele criou, logo nos primeiros anos a escola Rosa dos Ventos, que trabalhou para a população local com educação e produção de ervas medicinais. Há 20 anos Hugo criou o espaço de hospedagem da Pedra e por muito tempo sustentou sozinho esse projeto, com apoio das pessoas que trabalham na fazenda e gostam desse gringo visionário de coração grande e disposição para a brincadeira.  Hoje o desafio do seu sonho é dividido com Vera, sua companheira há oito anos, que trouxe para o projeto um pouco mais de conexão com as tradições negras do povo da Bahia. Com ela veio também muita suavidade feminina e baiana e um grande espírito de organização, já que é contadora de formação.

Pergunto a Hugo, por que você resolveu vir pro Brasil e fundar o espaço Pedra do Sabiá? E ele responde que foi chamado pela Natureza tropical, pelas matas virgens de Itacaré tão vivas e gradiosas, ainda mais há décadas atrás. E acrescenta: ..."os humanos precisam não apenas respeitar e cuidar da Natureza, mas se deixar cuidar por ela, escutar sua grandeza e sua sabedoria. Se reconectar". A firme convicção de Hugo de que a vida precisa ter um sentido maior e que sua missão é servir a esse propósito para si mesmo e para outras pessoas sustentou sua força interior para persistir e o ancoramento espiritual do ambiente da fazenda. As matas esplendorosas e preservadas que abrigam o fruto sagrado do cacau trouxe, recentemente, mais abundância para a Pedra. Nas mãos de Hugo e de residentes e voluntárixs, o cacau se torna chocolate 100% puro, usado em cerimônias para abrir a inteligência do coração e preparar outras delícias de chocolate, vendidas no Brasil e no exterior.

O “espaço de reconexão do Ser” oferece ao público dinâmicas diversas de autoconhecimento, como cerimônias de ayuasca, de cacau e outras experiências xamânicas e espirituais diversificadas. A dinâmica comunitária é nutrida também pela boa mesa vegetariana, por uma biblioteca que nutre a mente de novas visões, por muitos trabalhos físicos como o chi qong de bastão liderado por Hugo, pelas caminhadas na mata e banho no lago da reserva, por rodas de conversa e cantoria e por pausas silenciosas no espaço da fogueira. A presença, nos limites da fazenda, do imenso Rio de Contas que pode ser contemplado em vários mirantes permite a experiência do ver fluir a Natureza.

Como todos os espaços do novo mundo, a Pedra já teve altos e baixos, mas a perseverança no propósito é a energia que move o lugar, e vai conquistando respeito na região e fora do país. É esta energia constante que Hugo traz, tanto no financiamento continuado do projeto quanto na superação de todos os obstáculos, que permite também que tudo flua: que as plantações cresçam e frutifiquem, que as flores desabrochem cada vez mais abundantemente, que a experiência do viver junto dos residentes, tentada de muitas formas, vá sendo depurada em modelos mais viáveis. Assim a Natureza, honrada e preservada, em sua força sagrada, empurra seus filhos e filhas a acolher outras pessoas, a partilhar, a construir e a manter os espaços e a tentar sempre de novo. De quebra, dá também seus frutos, abundantemente, para alimentar o corpo e a alma. 


Tags deste artigo: saúde integral sustentabilidade espiritualidade ecovilas

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