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Decrescimento Econômico

26 de Junho de 2012, 21:00 , por Desconhecido - 1Um comentário | Ninguém está seguindo este artigo ainda.
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Por Marcus Eduardo de Oliveira*

Lançando uma rápida observação sobre os rumos da economia mundial, uma pergunta, de imediato, se arvora: o ritmo econômico atual baseado na produção excessiva e no consumo desenfreado é sustentável ou já se esgotou?

Na tentativa de encontrar-se a resposta, é imperioso entender que o processo econômico não cria matéria e energia, mas apenas as transforma. A partir dessa temática, cumpre ressaltar que o crescimento econômico, uma vez atingido em grau exagerado, sem o uso racional de critérios balizadores, além de exercer forte exploração de recursos, submetendo todo o ciclo ambiental a constante agressão, resulta, ainda, num final preocupante: a poluição decorrente desse processo. Destarte, nos parece ser de fundamental importância comentar que a exploração constante do meio ambiente pode, grosso modo, ser vinculada à uma das ideias que permearam os tempos antigos da economia, especificamente em torno do consagrado conceito da Lei dos Rendimentos Decrescentes, termo esse tão ao gosto dos economistas clássicos. "Explorar" o sistema ambiental em nome do sistema econômico até atingir-se o ponto de saturação só poderá ter como consequência o "fim" do próprio sistema econômico. Para usos constantes, desgastes exorbitantes.

Ao atingir esse ponto de saturação, crescer economicamente (pelos critérios estabelecidos pela economia tradicional) deixa de ser salutar; é hora então de parar, quem sabe mesmo de regredir. É justamente aqui que entram as ideias de alguns teóricos que defendem, por exemplo, o conceito de "crescimento zero", de "decrescimento" e mesmo de "crescimento com o freio de mão puxado", para salientarmos apenas alguns slogans em moda. Ir contra essa premissa, achando que o crescimento exponencial é factível e salutar, é cair na estupidez intelectual, como bem salientou Kenneth Bouilding: "Propor um crescimento ilimitado num mundo limitado só pode ser coisa de um estúpido ou de um economista".

Enquanto existirem limites ecológicos (e não há o menor indício que isso venha a deixar de existir) será incompatível se pensar em grandes mercados de consumo de massa que exigem, como condição, elevadas taxas de crescimento. É preciso ressaltar que, ao longo de mais de dois séculos de existência de textos que embasam todo o pensamento teórico das ciências econômicas, a recomendação tem sido uma só: é preciso crescer para formar um mercado de consumo de massas; ou seja, é fundamental fazer a economia se expandir, gerando uma grande sociedade de consumo de tudo quanto for possível.

Ora, será isso suportável num mundo que convive com a escassez? É evidente que a resposta é negativa.

Essa sociedade de consumo que a economia tradicional (a velha economia) sempre recomendou, foi (e tem sido) erigida sob o ponto de vista do falso argumento de que é consumindo que o bem-estar será alcançado. Assim, uma vez mais se confunde crescimento com progresso, e aquisição material como sendo sinônimo de obtenção de felicidade. É necessário pontuar que, para tudo, há limites.

Uma economia cujo valor principal repousa sobre o materialismo não nos parece factível, e muito menos plausível. Entendemos que o valor principal deve estar nas relações sociais e numa harmoniosa convivência de todos com a natureza que nos acolhe. Para tanto, faz-se necessário uma profunda mudança de valores, consciência e ação. Iniciemos essa tarefa antes que seja tarde!

* Economista, mestre em Política Internacional pela USP (Universidade de São Paulo) e professor universitário


Fonte: http://www.fbes.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=6983&Itemid=62

1Um comentário

  • 3aabc46bb8603752d1ee498e46ad0d8b?only path=false&size=50&d=404Ana Paula(usuário não autenticado)
    28 de Junho de 2012, 14:39

     

    Pois é, dizem que nunca é tarde para começar, mas poxa vida, estamos muito atrasados!!! Vivemos em uma sociedade hostil, baseada em valores superficiais, explorando todos os tipos de “Vida”...Sinceramente, ando meio pessimista em relação ao futuro do nosso planeta... quanto mais leio a respeito, mais fico convicta de que “para tudo há limites” menos para a ganância humana!
    Um grande abraço!
    Parabéns pelo artigo!


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