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January 12, 2009 22:00 , by Unknown - | 1 person following this article.

Cursos de Meditação: para principiantes e de aprofundamento

February 24, 2017 13:00, by Débora Nunes - 0no comments yet



A que veio a Escola de Sustentabilidade Integral?

February 20, 2017 9:05, by Débora Nunes - 0no comments yet

 

Tenho quase 20 anos como professora universitária, profissão que amo, mas que nos últimos anos me trazia frustrações. Com o tempo e o amadurecimento pessoal e profissional, vi que o ambiente universitário dificulta o aprendizado dos/as estudantes como seres integrais. Na Universidade, em geral, o que conta é a racionalidade, a objetividade, a mente, enquanto o corpo, a afetividade e a alma são esquecidos. Essa norma pedagógica contraria completamente os estudos mais respeitados sobre ensino aprendizagem e, inclusive, os parâmetros mais contemporâneos da ciência que prevê um olhar sistêmico e holístico sobre os fenômenos naturais, sociais e humanos.  

Desde meu primeiro semestre de aulas na UNEB, em 1998, sempre busquei integrar aprendizado teórico com o prático, o que permite uma maior expressão do ser de cada estudante. Integrei aulas expositivas e exercícios práticos, junto à realidade, em todos os lugares em que trabalhei como professora e continuo fazendo isso, mas na Escola de Sustentabilidade Integral, o alcance é muito maior. Nessa Escola, os projetos de vida dos estudantes, a percepção de sua missão no mundo, a valorização de seus talentos relacionais, artísticos, etc, assim como a saúde de seu corpo, são centrais.

 

A idéia foi amadurecendo na medida em que percebia de forma cada vez mais profunda a necessidade de mudança civilizacional pelo esgotamento ambiental, político e social dos modelos que regem a sociedade em que vivemos. Se sempre fui engajada em questões sociais, de participação cidadã e economia solidária, mas, a partir de 2006, quando tomei conhecimento dos dados alarmantes sobre a questão ambiental produzidos pelo IPCC (que é formado por quase três mil cientistas de todo o mundo) entendi que a mudança precisa ser uma mudança de era, e que cada pessoa participa dessa mudança.

 

O engajamento de milhões de pessoas, de forma diversa e em todas as partes do mundo, para construir essa mudança civilizacional só faz crescer nos últimos 10 anos e eu faço parte desse movimento. A Escola de Sustentabilidade Integral é um agente multiplicador desse movimento. Após me engajar em projetos diversos de educação política, ambiental e social, percebi que o que realmente fica são mudanças de consciência e de ação que integram todas as dimensões do ser. Foi se insinuando em minha alma, de forma cada vez mais profunda que o cultivo de uma espiritualidade laica, cidadã, seria um impulsionador importante para criar um ambiente de transformação pessoal e coletiva. Sou grata ao convívio com pessoas da rede mundial Diálogos em humanidade, assim como amigos/as na Bahia, pelo amadurecimento dessas idéias. Algumas dessas pessoas, como Alba Maria, Emerson Sales e Vivina Machado, entre outras, ajudaram a conceber a Escola.

Assim, fundar uma Escola cujo slogan é "a formação que ajuda você a ser aquilo que quer ver no mundo" foi sendo uma conseqüência natural para superar frustrações como professora e ajudar a fazer avançar a mudança necessária no mundo. Ao lado do entendimento, empreendi, junto com Emerson, meu marido, uma mudança paulatina no campo da vida cotidiana para deixar de ser  mais um indivíduo que é causa do esgotamento ambiental e tornar-me também solução. Passar pro outro lado, reduzir o consumo ao mínimo, reflorestar, produzir alimentos orgânicos, instalar coletores de água de chuva e coletores solares em casa, tornar-me vegetariana, passar a meditar cotidianamente e tantas outras coisas, foram processos teórico-práticos concomitantes que agora compartilho. 

A Escola está à espera daqueles que sentem com sua mente, percebem com seu coração e entendem com seu corpo que a hora da mudança chegou e querem estar em grupo e apoiados por professores experientes para realizar a transição em suas vidas.

  http://escoladesustentabilidadeintegral.blogspot.com.br/p/inscric.html



Desconsumo

February 6, 2017 18:16, by Débora Nunes - 0no comments yet

 

Que palavra rebelde começa a circular por aí. Ao invés de ser escravo/a da mídia, da moda, das aparências, do ego...começar a de fato buscar o sentido e a utilidade de cada coisa em sua vida. A palavra está ligada geralmente a eliminar itens de consumo de uma cadeia produtiva ou da lista de compras, mas eu a utilizo no sentido mais radical de eliminar objetos já existentes no cotidiano. Esses objetos que enchem os armários e não deixam que se ache aquilo que é necessário no momento. Esses objetos escravizantes que distanciam as pessoas do velho sapato confortável, da camisa molinha e gostosa de tão usada, em nome do novo, do fashion, mesmo em situações de intimidade.

O desconsumo é uma liberação pessoal e um compromisso ecológico. A enésima reportagem sobre a exaustão da Natureza com o modo de vida consumista angustia as pessoas por alguns minutos, mas depois elas voltam ao “normal”, pois o problema é tão grande que nem sabem como agir. Imagine se plantar árvores e “desconsumir” se tornasse a nova moda? São as melhores ações, em nível pessoal,  que de fato podem ajudar a Natureza a se reconstruir e...creia-me, é fonte de alegria cotidiana. Se para plantar árvores são necessários grandes espaços, desconsumir significa esvaziar o espaço que você já tem, portanto, está ao alcance de qualquer um/a.

Colocar-se o objetivo, modesto nos primeiros tempos, de eliminar um objeto por dia nas nossas vidas, pode ser a primeira via do desconsumo. Começa-se, por exemplo, por observar o que não usamos há anos e imaginar a quem podemos dar esse presente: um livro que gostamos tanto que demonstramos nossa amizade pra alguém, ofertando-o; uma roupa em bom estado que não usamos e que vai cair muito bem em alguém do círculo familiar; uns biscoitos que levamos pro trabalho pra partilhar com os colegas; objetos de casa, do escritório, que podem ser mais úteis pra outra pessoa. Quando o hábito se instala mesmo, vale até misturar dois xampus diferentes e colocar uma embalagem vazia pra reciclar, eliminando o tal do objeto do dia.

É impressionante como os espaços vazios vão aparecendo em nossas vidas e o sentimento de leveza vai tomando lugar. A gente se pergunta por que não começou antes e começa a questionar naturalmente cada gesto de consumo. A segunda etapa pode chegar nesse momento: decretar que para se comprar algo é necessário “eliminar” algo que já existe em casa. Embora possa parecer difícil, o desconsumo é muito agradável, não só pelo retorno do espaço vazio em torno de nós e a possibilidade de degustar a simplicidade, mas também porque naturalmente se começa a ter mais dinheiro no bolso, pro que vale a pena de verdade.

A margem de manobra que temos hoje pra desconsumir é evidenciada pela história: uma família de classe média do início do século XX vivia com cerca de 200 itens, incluindo o sofá e as panelas; hoje ela tende a ter cerca de 20.000 itens e uma talharia sem fim. Desconsumir é se livrar de tralhas, do apego e do medo de que algo venha a faltar, se não guardarmos. Ou do medo de parecermos pobres por não estarmos consumindo “como convém”.  Um sábio da atualidade, José Mujica, ex presidente do Uruguai, diz algo encantador: “Pobre é quem precisa de muito para viver ... Não sou pobre, sou sóbrio, de bagagem leve. Vivo com apenas o suficiente para que as coisas não roubem minha liberdade”.

 (Esse artigo foi publicado no jornal A Tarde no dia 06/02/2017, mais resumido)

 

veja textos relacionados:

http://cirandas.net/deboranunes/blog/sobre-o-ter-e-o-ter

http://cirandas.net/deboranunes/blog/sobre-o-dinheiro-e-a-alma

 



Ecovilas: prenúncios do futuro?

December 27, 2016 12:19, by Débora Nunes - 0no comments yet

 

 

 

 

 

 

     

 

Centro de Auroville,

     India

 

 

 

 

Estima-se que existam no mundo hoje cerca de 15 mil comunidades vivendo de modo alternativo, buscando o bem pessoal e coletivo e em harmonia com a Natureza. Embora com valores e práticas parecidos, as ecovilas são diversas: podem ser pequenas, como a Terra Mirim, situada em Simões Filho, com menos de 30 moradores, ou grandes como Auroville, no sul da Índia, com cerca de 2500 habitantes. A maioria dessas comunidades são “teimosas” em sua proposta de vida na contracorrente do mundo estressado e insustentável de hoje: Terra Mirim tem quase 25 anos e Auroville completa 50 anos em 2018, ambas realizando seus projetos e perseguindo seus sonhos, com destemor, dedicação, coerência e alegria.

O que fez essas pessoas buscarem uma vida alternativa? Certamente, a insatisfação com o modo de vida na sociedade moderna e capitalista. O que faz com que as ecovilas estejam se desenvolvendo de norte a sul do planeta e atraindo mais e mais gente? O fato de haver cada vez mais pessoas insatisfeitas com suas vidas e que buscam alternativas. A percepção da futilidade do consumismo exibicionista como foco da vida em sociedade, o desalento com a política sem princípios, o desespero com o trânsito e a violência urbana e a desesperança causada pelo individualismo exacerbado são alguns dos motivos que expulsam pessoas das cidades “normais”. As ecovilas atraem os que buscam uma vida mais saudável e simples, os que querem construir comunidades solidárias que se autogovernem, os que querem proteger a Natureza e contribuir para mitigar o aquecimento global... enfim, gente que quer dar mais sentido à própria vida e viver melhor.

Nem todo mundo conseguiria viver com menos dinheiro (e uma vida menos estressante), com maior responsabilidade para com os demais (e o ambiente cooperativo que isso cria), ou com uma dedicação maior à dimensão imaterial da vida (e o profundo sentido de realização que isso traz), portanto, as ecovilas ainda são apenas “alternativas”. Entretanto, com a falta de perspectivas de solução para um mundo que caminha a passos largos para a inviabilização da vida nas cidades e para o colapso ambiental, as ecovilas plantam sementes e trazem esperança. Do mesmo modo, ir morar no interior é também uma alternativa, mas é como viver em um mesmo mundo, em escala menor, porém na mesma estrutura. As ecovilas se baseiam em outras concepções de mundo e outras práticas, mais solidárias e ecológicas. Observa-se que essas comunidades, mesmo ancoradas em práticas sociais que evocam sociedades antigas de ajuda mútua e afetividade, não abrem mão das novidades tecnológicas e das redes sociais. Vá na internet e busque “Ecovilas”: um mundo promissor e variado se abrirá para lhe inspirar.

 

Artigo publicado no jornal "A Tarde", dia 26/12/2016. 

Veja também

http://cirandas.net/deboranunes/blog/experimentando-novos-cotidianos

Conheça Terra Mirim

http://terramirim.org.br/

 

Vista geral da maquete de Auroville:



Saibamos crer em nós

December 5, 2016 23:22, by Débora Nunes - 0no comments yet

 

 

 

 

Compartilho aqui a sabedoria do mestre Carlos Rodrigues Brandão refletindo sobre tantas esperiências de construção de novos modos de viver e de resistência ao velho que teme em não morrer. Para saborear nesse fim de ano (texto integral ao final)

 

Saibamos crer em nós.

Saibamos acreditar em nossa inabalável vocação de revisitar nossas vidas, de clarear nossas mentes, de não nos deixarmos  colonizar, de aproximar os nossos corpos, de unir nossos braços, solidarizar nossas vidas, criar nossos destinos... e seguir adiante.

Confiemos em nós. Saibamos varrer de nossas vidas o temor que o sistema tenta colocar em nossos corações, e saibamos viver do que é nosso: a coragem da esperança.

Baruch de Spinoza foi um pensador do século XVII. Judeu de uma família de  origem espanhola expulsa para Portugal e, depois, para a Holanda, viveu lá a sua vida como um humilde “polidor de lentes”, e também a de um filósofo livre. Por causa de suas ideias, inclusive a respeito de deus, ele foi excomungado de sua comunidade judaica. É dele a passagem que, por falar sobre a esperança, eu desejo que encerre esta mensagem.

Um povo livre se guia pela esperança mais do que pelo medo; o que está submetido se guia mais pelo medo do que pela esperança. Um almeja cultivar a sua vida. O outro, suportar o opressor. Ao primeiro eu chamo livre. Ao segundo, chamo servo. (Baruch de Spinoza, Tratado teológico político)

 

 

Texto original, dezembro 2016

 

Sobre a Esperança

Mensagem para encerrar 2016 e esperar um “Ano Novo”

 

Há quem dentre nós talvez diga neste fim-de-ano: “este foi um ano para esquecer”.

Nenhum ano é para ser esquecido. Nenhum mês, nenhuma semana, dia ou minuto.

Recebi - como imagino que toda a gente recebeu - um sem número de mensagens sobre os “tristes acontecimentos de 2016”. Vários deles foram, crítica e corajosamente, bastante justos e necessários. Eu mesmo, em um outro tom escrevi um deles. O longo escrito a que dei este nome: Viver sem temer.

Não quero fazer desta mensagem de final de ano (uma velha prática de longos tempos) mais um dos documentos de “análise da atual conjuntura”. Não quero trazer  a tanta gente amiga e querida uma mensagem mais de olhar crítico sobre  a política e a economia “deles”, junto com o peso de seus efeitos sobre todas e todos nós e, sobretudo, sobre mulheres e homens do povo. Dos muitos povos com quem convivemos de perto ou e mais longe. Lembro sempre nessas horas o que um dia Jean-Paul Sartre escreveu: “um coisa é o que fizeram de nós. Outra coisa é o que nós fazemos do que fizeram de nós”. Esta não é, portanto, uma mensagem de crítica a respeito “deles”. É uma mensagem de realista esperança em e sobre “nós mesmos”.  Venho de lugares, venho de rostos, de gestos e de pessoas ao longo de 2016. E  é a lembrança deles e delas o que me leva a escrever esta mensagem.  

Venho de uma Escola Popular em um Assentamento do MST no Sul da Bahia. Venho de professoras de escolas dos “sem-terrinha”, e venho de famílias que no assentamento vizinho haviam acabado de receber os seus “lotes de terra”, e entre o temor e a esperança  transportavam para eles os seus poucos trastes. Todos eles juntos, e mais os lotes de muitas terras conquistadas pelos camponeses do Brasil afora, são bem menores do que um único latifúndio das empresas do agronegócio. As mesmas que sobre as terras férteis do Sul da Bahia semeiam desertos de eucaliptos.

Venho do Norte de Minas. Venho de Montes Claros e de encontros que aproximaram gentes de universidades, como eu, e pessoas de práticas populares. Pessoas de pele escura, entre indígenas e quilombolas, ao lado de homens e mulheres camponesas, povos do cerrado, da floresta e das águas.

Pessoas que, começam os seus encontros e congressos entre preces e “místicas” com as mãos abertas; e os encerram agitando para o alto punhos erguidos, e gritando as palavras que deveriam calar os que fizeram do Brasil o que ele tem sido nestes tempos.

Venho de uma gente que em Passo Fundo reúne-se  há anos para pensar e praticar coletivamente alternativas de uma “educação para a paz”, quando poderia estar encerrada em seus escritórios, escrevendo um outro  artigo destinado mais a  aumentar um currículo vitae do que a dialogar com quem educa crianças, jovens e adultos no “chão da escola”.

Venho de pequenas comunidades tradicionais do Espírito Santo. Ali,  onde indígenas Tupiniquins e outros povos resistem como podem a nada menos do que à Aracruz, e a  outras poderosas empresas do agronegócio.  Um lugar onde professoras da Universidade Federal e de Centros e Institutos Tecnológicos (mas profundamente humanos) tentam criar com jovens estudantes vindas “da roça”, uma pedagogia da terra a serviço de uma transgressiva educação do campo.

Venho de “fábricas ocupadas” por operários da Argentina, e venho de “Bachileratos Populares” entre Lujan e Neuquén. Lugares de pobres  onde às vezes entre caixotes de madeira e toscas mesas improvisadas jovens e adultos se reúnem para reaprenderem a ler e a pensarem juntos uma “outra história” do País e do Continente.

Venho de presos políticos. Em Medellín, depois de atravessar três portões trancados a cadeado cheguei na “Penitenciária del Estado” a um local coletivo onde uma pequena equipe de presos políticos do Exército Popular de Libertação sonha inaugurar uma “Universidade Popular”.

Venho de povos andinos que em suas línguas arcaicas nos desafiam a deixar de lado o mercado e viver a vida. E nos sussurram:  Sumak Kansay e os outros nomes que querem todos dizer uma mesma ideia: viver a “vida boa”, um “viver bem”  solidário, oposto em tudo à “boa vida” com que o capital e a sua mídia nos mentem entre as mesmas falsas promessas de sempre.

Venho de tanto em um só ano. E  bem sei que venho de apenas uma ínfima fração das vivências coletivas, dos momentos populares de insurgência, da persistente reconstrução de  grupos de base, e de ações das quantas  comunidades tradicionais e também dos movimentos populares. E venho também da presença ativista e solidária de instituições de apoio a alternativas e iniciativas de uma pluri-transgressão emancipadora.  Venho de pessoas com quem  aprendo a cada dia a calar  o que sou, penso e possuo,  para descobrir com elas a viver bem mais da esperança do que do medo.

Lembro que no dia 31 de agosto deste ano encerramos o Colóquio Internacional de Povos e Comunidade, em Montes Claros, com uma Passeata dos Mártires. Foi quando escrevi o texto Viver sem temer. Caminhamos ao redor de uma grande praça levando pequenos estandartes de mulheres e homens que nos últimos anos, apenas naqueles “sertões do Norte” haviam sido mortos lutando por terra, território, justiça e liberdade. 

Quase ninguém veio presenciar a nossa “caminhada”, e ouvir os nossos cantos e os gritos de nossas memórias. Televisão alguma estava presente  e “canal” algum noticiou o que se vivia ali.  Mas enquanto pelas janelas abertas das casas víamos de passagem nos aparelho de TV os acontecimentos do “Congresso Nacional”, entre mãos abertas e punhos erguidos completamos a nossa volta pela praça.

Lembro-me de haver vivido algo semelhante há exatos 50 anos, em plena “ditadura militar”. Estar vivendo algo assim tantos anos depois, de forma alguma me trás um sentimento de “tempo perdido”.

Ao contrário, apenas renova a certeza de que “eles passam”. E  nós estamos e persistimos em “estar aí”,  “de mãos abertas e de punho erguido”, ano após ano, década após década, geração após geração.! Estamos aqui! Estamos por toda a parte. E estamos juntas e juntos uma vez mais.

E mais do que as “sementes crioulas” que eu vi semana passada sendo jogadas nas terras de assentamentos do Sul da Bahia, creio que estamos unidos para semearmos também a coragem da insurgência de uma justa luta e, mais do que tudo, de uma inapagável esperança.

Saibamos crer em nós.

Saibamos acreditar em nossa inabalável vocação de revisitar nossas vidas, de clarear nossas mentes, de não nos deixarmos  colonizar, de aproximar os nossos corpos, de unir nossos braços, solidarizar nossas vidas, criar nossos destinos... e seguir adiante.

Confiemos em nós. Saibamos varrer de nossas vidas o temor que o sistema tenta colocar em nossos corações, e saibamos viver do que é nosso: a coragem da esperança.

Baruch de Spinoza foi um pensador do século XVII. Judeu de uma família de  origem espanhola expulsa para Portugal e, depois, para a Holanda, viveu lá a sua vida como um humilde “polidor de lentes”, e também a de um filósofo livre. Por causa de suas ideias, inclusive a respeito de deus, ele foi excomungado de sua comunidade judaica. É dele a passagem que, por falar sobre a esperança, eu desejo que encerre esta mensagem.

Um povo livre se guia pela esperança mais do que pelo medo; o que está submetido se guia mais pelo medo do que pela esperança. Um almeja cultivar a sua vida. O outro, suportar o opressor. Ao primeiro eu chamo livre. Ao segundo, chamo servo. (Baruch de Spinoza, Tratado teológico político)

 

Rosa dos Ventos – no Sul de Minas

Carlos Rodrigues Brandão

Quase no fim do ano. Na quadra da Lua Nova

 

 



Ganharam os bancos, perdeu o Brasil

November 30, 2016 11:21, by Débora Nunes - 0no comments yet

 

No orçamento nacional hoje, vergonhosamente, quase 50% dos recursos anuais vão para os bancos e apenas o resto sustenta o país. Segundo dados do economista Fernando Alcoforado, a cada ano, são exatamente 44,93% que vão para pagamento dos juros da dívida pública, 2,89% para a Educação, 3,91% para a Saúde e 22,12% para a Previdência Social. Congelando esses gastos por 20 anos, no final podemos estar com, digamos, 80% do orçamento nacional indo pra mão dos bancos e 20% para as demandas da população.  É indecente!!!

 A dívida brasileira vem sendo contestada pela sociedade civil há décadas, como sendo um grande conluio da elite para transferência de renda da cidadania brasileira para os banqueiros e especuladores, através das maiores taxas de juros do mundo. Como exemplo, imagine um casal que tomou um empréstimo para comprar a casa própria e que, à sua revelia, os juros da dívida cresceram tanto que hoje eles já pagaram o montante a juros normais mais de 10 vezes! Como consequência, eles hoje, como pais, têm que diminuir o gasto com alimentação, educação e saúde dos filhos para continuar pagando o débito... O pior é que a Auditoria cidadã da dívida denuncia que os empréstimos, em geral, sequer se referem a bens e serviços que tenham contribuído para o desenvolvimento econômico e social do país. É um escândalo!

 Para reduzir o tamanho do gasto público é preciso rever soberanamente essa relação com os credores da dívida pública, mas deputados e senadores preferem penalizar o país mais uma vez. Assistimos com nojo ao que se passa no Congresso nesse momento. Decidem a vida da cidadania brasileira por 20 anos de forma criminosa, retiram do poder a presidenta que o país elegeu por firulas burocráticas e conveniências políticas, entre outros absurdos. Uma máfia está no poder, assistida por uns poucos que não são da máfia, mas que estão sendo cúmplices. Tiramos Cunha, mas a máfia domina tudo e outros tiranetes surgem, com a mesma origem. E ainda têm a ousadia dos psicopatas de dizer que estão defendendo a nação!

Em face de tanta esperteza e manipulação, o que nos salva é a astúcia popular que diz “Sabedoria quando é muita, vira bicho e engole o dono”. Eles pensam que vão vencer sempre? Esperem a roda da história!

 



Capitalismo: Porque tantos servem ao sistema que condenam?

November 21, 2016 13:30, by Débora Nunes - 0no comments yet

Sobre a Servidão Voluntária e a necessidade da rebelião, a cada dia, dia após dia...com coragem, persistência e coerência entre os discursos e os atos. 

 

"Um jovem de 18 anos, chamado Etienne de La Boétie, escreveu no século XVI um ensaio conhecido como Discurso sobre a servidão voluntária. A servidão voluntária, escreve La Boétie, é um enigma, pois submeter-se é algo que não pode realizar por um ato voluntário de liberdade. Como seres livres podem voluntariamente desejar servir? Por que nos submetemos voluntariamente à tirania? Responde La Boétie: consentimos em servir porque esperamos ser servidos. Servimos aos tiranos porque somos tiranetes: cada um serve ao poder tirânico porque deseja ser servido pelos demais que lhe estão abaixo; cada um dá os bens e a vida pelo poder tirânico porque deseja apossar-se dos bens e das vidas dos que lhe estão abaixo. A servidão é voluntária porque há desejo de servir, há desejo de servir porque há desejo de poder e há desejo de poder porque a tirania habita cada um de nós e institui uma sociedade tirânica. Haver tirano significa que há sociedade tirânica (...) La Boétie prossegue e indaga, onde, afinal, se encontra a força do tirano? E responde: a força do tirano não está onde imaginamos encontrá-la: não está nas fortalezas que o cercam nem nas armas que o protegem. Pelo contrário, se precisa de fortalezas e armas, se teme a rua e o palácio, é porque se sente ameaçado e precisa exibir signos de força que ocultem os signos verdadeiros do poder. Fisicamente, um tirano é um homem como outro qualquer – tem dois olhos, duas mãos, uma boca, dois pés, dois ouvidos; moralmente, é um covarde, prova disso estando na exibição dos signos de força. Se assim é, de onde vem seu poder, tão grande que ninguém pensa em dar fim à tirania? Seu poder vem da ampliação colossal de seu corpo físico por seu corpo político, provido de mil olhos e mil ouvidos para espionar, mil mãos para espoliar e esganar, mil pés para esmagar e pisotear. O corpo físico não é ampliado apenas pelo corpo político como corpo de um colosso, também sua alma ou sua moral são ampliadas pelo corpo político, que lhe dá as leis com as quais distribui favores e privilégios, seduz os incautos para que vivam à sua volta para satisfazê-lo a todo instante e a qualquer custo. A pergunta que nos cabe fazer é: quem lhe dá esse corpo político gigantesco, ubíquo, sedutor e malévolo? A resposta é imediata: somos nós quem lhe damos nossas mãos, nossos pés, nossos ouvidos, nossas bocas, nossos bens e nossos filhos, nossas almas, nossa honra, nosso sangue e nossas vidas para alimentá-lo, para aumentar-lhe o poder com que nos destrói. Indaga La Boétie: se, por algum infortúnio, um tirano galgou o poder e ali se mantém, como derrubá-lo e reconquistar a liberdade? E responde: não lhe dando o que nos pede. Se não lhe dermos nossos corpos e nossas almas, ele cairá. Basta não querer servi-lo, e ele tombará".

 

Trecho do texto "Contra a universidade operacional e a servidão voluntária", de Marilena Chauí, na abertura do Congresso da Universidade Federal da Bahia, em 14 de julho de 2016. 

 



Trump e Temer. É possível ter alguma esperança?

November 12, 2016 13:57, by Débora Nunes - 0no comments yet

 

 

Ok, ok, é de temer e é de doer. Esses homens no poder mostram a falência da democracia em garantir a vontade da maioria. Os vícios dos sistemas eleitorais (caso dos EUA em que Hillary teve maioria dos votos) e os procedimentos parlamentares (caso do Brasil, em que Dilma foi destituída de seus 54 milhões de votos) mostram que a democracia precisa ser reinventada. Esses homens no poder mostram também que a deriva direitista do momento político atual é grave e que as formas de fazer política precisam mudar. A desunião crônica dos setores progressistas não pode persistir, pois a união dos que focam tudo no dinheiro e no poder é fácil.  Se os desafios que se anunciam são imensos, reinventar a política do nosso lado é o único caminho.

Como falar em esperança quando tudo parece desmoronar? Quando o governo Temer avança contra os ganhos de justiça social e emancipação que vivemos na última década e quando um governo truculento, xenófobo, racista e machista vai ser empossado com Trump daqui a pouco? Só um olhar de longo prazo pode mostrar que a esperança vem, de um lado, do fato que as sociedades no mundo inteiro descreem da política que hoje segue o jogo do dinheiro e da mídia. Do outro lado, é possível ver que iniciativas contra-hegemônicas, que funcionam em outra lógica política, se espalham silenciosamente, com dificuldade, mas mostrando caminhos.

Temer e Trump estão no poder não porque o “povo”, em sua maioria, quis assim. Vejam os índices baixíssimos de aprovação do governo Temer e o fato de que Trump chegou ao poder com uma minoria de votos. Mesmo se as pessoas não conseguem identificar de onde vêm os desvios da democracia - e deixam que o poder vá exatamente na direção dos que manipulam bem o universo do dinheiro e da mídia - elas estão buscando “salvadores” que julgam estar fora do sistema político tradicional. Nesse ponto, de buscar alternativas, nós e os apoiadores de Trump e Temer estamos juntos.

A esperança vem, portanto, carregada de responsabilidade.  Nós, milhares no mundo todo, que estamos enfrentando o sistema decididamente, mudando nossas formas de viver por opções mais conscientes, pela renúncia ao consumismo, pela busca de soluções mais coletivas e com liderança compartilhada, pelo enfrentamento cotidiano ao machismo e a todos os preconceitos, que vivemos com ética e acreditamos em valores de partilha, coresponsabilidade e respeito à Natureza, nós somos o caminho.  Entendermos-nos como o caminho que inspira e dá esperança e nos apoiarmos mutuamente, tecendo a grande rede que defende a Vida, de formas variadas, exige muito trabalho.

A união dos que são contra-hegemônicos dá trabalho porque estamos sempre muito ocupados em criar opções que são marginais ao sistema – o qual resiste fortemente às nossas ideias e práticas e assim nos exaure, mas também porque temos dificuldades de nos unir. Somos contaminados pela competição, que é a mola mestra do sistema capitalista. Só que nesse campo “eles” são mestres: quando seus interesses se contrapõem, não têm grandes pruridos em se “desfazerem” uns dos outros, pois não são amarrados por princípios éticos que freiam o “lado de cá”. Mas seguem unidos na maior parte do tempo.  Nós, não, quase nos “evitamos”, pra não encararmos que estaremos sempre encontrando defeitos nos caminhos que os outros “alternativos” empreendem.  Mas quando nos unimos, a história já provou, todo o processo avança.

As iniciativas contra-hegemônicas já são fundadas em princípios que promovem a cooperação, o respeito à Vida e à sua diversidade, só precisamos colocá-los em prática para tecermos a imensa teia da esperança ENTRE NÓS. Certamente o capitalismo não é mais hegemônico nos corações das pessoas, se é que algum dia ele foi. Nossas propostas de vida mais amorosa e cooperativa, de igualdade e respeito aos diferentes são de longe mais apaixonantes e inspiradoras.  O desafio de buscar a união dos movimentos, das iniciativas, dos projetos, encantando-nos com a diversidade uns dos outros e desafiando nossos conflitos como forma de crescermos, de evoluirmos como indivíduos e como opção política de cooperação e partilha de poder está diante de nós. Cedo ou tarde, vamos avançar.

 



PRECISAMOS REESCREVER O FUTURO AGORA!

October 31, 2016 21:56, by Débora Nunes - 0no comments yet

 

 

O texto a seguir é fruto do Seminário Nacional do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, realizado em Brasília nesse mês de outubro. Ele clama pela proteção à Mãe Terra! Vale a pena ler.

 

A luta contra a exploração irresponsável dos recursos naturais do planeta por parte dos grandes capitalistas e suas consequências sobre as mudanças climáticas é o principal destaque da carta-resultado do Seminário Nacional realizado pelo Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social (FMCJS). Confira a íntegra do documento:

Seminário Nacional do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social

PRECISAMOS REESCREVER O FUTURO

AGORA!

Viemos de todos os estados brasileiros, do Distrito Federal, das comunidades indígenas, quilombolas, ribeirinhas, da agricultura familiar, das cidades, dos movimentos sociais e populares do campo, das florestas, das águas e das cidades, todxs violentadxs por projetos extrativistas e de infraestrutura como hidrelétricas, termoelétricas, energia eólica e nuclear, transposição de rios, mineração, pecuária, extração de fontes fósseis (convencionais e não convencionais), expansão da monocultura e do agronegócio, agrotóxicos, projetos de créditos de carbono, desastres ambientais que geram migrações forçadas e projetos urbanos que expulsam comunidades. Em Brasília, no Seminário Nacional do Fórum de Mudanças Climáticas e Justiça Social, de 25 a 28 de outubro de 2016, refletimos sobre as mudanças climáticas, socializamos os gritos, nos fortalecemos para enfrentar os mega-projetos patrocinados pelo sistema capitalista, por meio de corporações e governos que atentam contra a vida da Mãe Terra, de suas Filhas e Filhos.

Motivadxs pela espiritualidade dos povos da floresta, das águas, do campo e das cidades, em uma só voz denunciamos as faces desse desenvolvimento perverso, que produz o Ecocídio, o Etnocídio e o Genocídio da Mãe Terra e alimenta o capitalismo financeirizado, globalizado e agressivo. Denunciamos a falácia da “Economia Verde”, que mercantiliza e privatiza rios, oceanos, florestas, o ar e a Mãe Terra, expulsando suas filhas e filhos em favor de projetos que produzem morte cultural, econômica, social e organizacional de povos e comunidades tradicionais, camponeses e comunidades urbanas.

Somando-se à voz dos povos originários, a ciência revelou que chegamos a uma nova época geológica, chamada de ”Antropoceno”. Nele, a humanidade, com uma responsabilidade bem maior por parte dos mais ricos e que mais consomem, tornou-se uma força indutora de impactos profundos e irreversíveis em escala global. Impactos que incluem a 6ª grande extinção de espécies da história terrestre, um domínio destrutivo sobre a maior parte das terras e da água doce, a acidificação dos mares, a destruição da camada de ozônio. Incluem, sobretudo, uma radical mudança do clima da Terra provocada pelo aumento exponencial da concentração dos gases de efeito estufa pela queima de combustíveis fósseis, desmatamento, etc. São frutos envenenados de uma economia da morte.

As mudanças climáticas já aumentaram em 1,2oC a temperatura do planeta desde o início da era industrial, provocando efeitos extremos, tais como furacões, secas, tempestades, ondas de calor, elevação crescente do nível do mar. Ameaçam a vida de milhões de seres humanos e de outras espécies. É o maior desafio jamais posto diante da humanidade. Precisamos agir para deter essas mudanças. O causador destas aflições é o modo capitalista de desenvolvimento, que prioriza o lucro e a acumulação, e não o atendimento das reais necessidades materiais e imateriais da humanidade, que confunde desenvolvimento com mero crescimento físico. Estamos perto de esgotar os bens naturais e é urgente determos a voracidade do crescimento capitalista. Constatamos que, sem superar o sistema do capital, o Planeta mergulhará no caos e a vida nas formas conhecidas desaparecerá. Para viver, precisamos de alimentação boa e saudável, beleza e amor, e não de alimentos e água contaminados, pobreza e egoísmo. A produção contínua de desigualdades sociais e a destruição de comunidades humanas e seus modos de reprodução ampliada da vida tornam o sistema insustentável. De quanto tempo a fração privilegiada da humanidade vai precisar para descobrir que não se come dinheiro nem se bebe petróleo?

O predomínio antagônico do homem sobre a mulher e sobre a Mãe Terra, de nossa espécie sobre as demais, do capital sobre o trabalho, da riqueza material sobre a não material, da ilusão de que a técnica resolve tudo, e das corporações sobre os povos da Terra anula o sentido participativo da democracia. Reconstruir as sociedades humanas de baixo para cima começa com a organização de comunidades intencionais onde as pessoas vivem e trabalham. Produzir e consumir localmente; partilhar solidariamente nossos excedentes; promover saúde coletiva; garantir espaços de mobilidade ativa, ferrovias para passageirxs e cargas, e transporte público includente, multimodal e de qualidade; assegurar terra para quem dela necessita para viver e trabalhar; universalizar a permacultura, a agrofloresta e a agroecologia; acolher os que sofrem as mazelas espalhadas pelo capital; receber refugiadxs climáticxs com braços, portas e fronteiras abertas para a partilha; construir uma economia do suficiente (bens materiais), e da abundância em qualidade de vida – lazer, comunicação, artes, amizade, amor, felicidade, criando o ambiente político, social, natural e espiritual propício para que cada pessoa desenvolva sempre mais plenamente seus potenciais individuais e coletivos – este é o sentido maior da vida humana.

A economia da vida promove a descentralização do poder político, econômico e cultural, e a valorização da unicidade (comunidade da vida que habita a Casa Comum) e da diversidade humana e biológica. Promove o empoderamento das comunidades para planejarem e implementarem o seu próprio desenvolvimento de forma autogestionária,  solidária, sustentável, e articuladas entre si em escala sucessiva até o âmbito nacional e global. Com a posse compartilhada dos bens produtivos e o planejamento participativo superam-se os riscos da superprodução, do descarte e da especulação; em vez da privatização, o cuidado e a partilha dos bens comuns. A matriz energética se reerguerá num modelo descentralizado de produção e consumo da escala comunitária até a nacional. A educação para a vida ensinará valores e métodos da partilha dos bens produtivos e da troca solidária, ou doação dos excedentes, da reciprocidade voluntária, da restauração e da conservação dos ecossistemas.

O futuro escrito pelo capital é de destruição e morte, mas já está sendo reescrito na sabedoria representada pelos povos originários e demais comunidades tradicionais, e por outras formas de comunidades intencionais, como comunidades camponesas, ecovilas e ecocidades. Aprendamos com eles o modo de vida simples, compartilhado e rico de tradições ancestrais, o seu cuidado com o meio natural e a sua espiritualidade enraizada na Mãe-Terra, na perspectiva da construção de sociedades do bem viver!

 

Brasília, 28 de outubro de 2016

http://fmclimaticas.org.br/?p=2662

 



De Salvador para o mundo: Brechó EcoSolidário 2016

October 27, 2016 9:37, by Débora Nunes - 0no comments yet

 

 (roda final do Brechó 2016, na qual os/as voluntários/as partilham a alegria e o cansaço do trabalho em prol das pessoas e do planeta)

Dois dias vivendo o “futuro emergente”: um mundo mais sustentável, justo, solidário e democrático.  Este é o amplo conceito do Brechó EcoSolidário que nasceu em Salvador há onze anos, já foi realizado em Lyon, na França e em Montreal, no Canadá e é admirado em vários países do mundo. O evento é organizado em torno de um grande mercado de trocas de bens usados usando a moeda social “grão” e de uma feira de economia solidária, porém lá acontece de tudo: rodas de diálogo, brincadeiras para crianças, aulas de ioga, oficinas de autocuidado, atendimentos gratuitos de saúde e assistência social, além de apresentações de música e dança e variadas atividades de educação ambiental.  Tudo gratuito.

O Brechó mobiliza milhares de pessoas de todas as idades e desempenha um papel de sensibilização sobre os efeitos do consumo nas mudanças climáticas atuais.  A participação no Brechó incentiva os soteropolitanos a pensarem em formas de consumo mais saudáveis, com menos desperdício e priorizando produtos de cooperativas. Para realizar o Brechó, cerca de 200 pessoas trabalham como voluntárias: estudantes, professores, artistas, terapeutas e empreendedores da Economia Solidária. Os recursos para realizar o projeto são oriundos de uma plataforma de financiamento cooperativo e tudo é gerido coletivamente.

Tanta generosidade e criatividade foram reconhecidas pela rede Diálogos em humanidade, que funciona em 13 países e adotou o Brechó como prática inovadora. Esta rede baseia-se no diálogo público sobre os desafios econômicos, sociais, ambientais e espirituais da humanidade e coloca a transformação pessoal ao lado das transformações coletivas para a construção de um mundo melhor. Os eventos da rede Diálogos propiciam a experimentação de soluções da própria sociedade para fazer face aos desafios atuais e buscam fortalecer a esperança e a iniciativa cidadã. Vem! é aqui mesmo, ainda esse mês de outubro,  nos dias 22 e 23, no Parque da Cidade.

(Texto publicado no jornal A TARDE, no dia 19/10/2016)

 

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