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января 12, 2009 22:00 , by Unknown - | 1 person following this article.

As mulheres não querem o poder?

марта 8, 2015 13:18, by Débora Nunes - 0no comments yet

Talvez não queiram ESSE poder que está disponível.

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É verdade que há muitos países no mundo nos quais a política é quase interditada às mulheres. Em outros há dificuldades históricas para uma dedicação das mulheres à política tradicional. O propósito desse post, porém, é refletir sobre porque, mesmo depois de décadas de políticas de cotas para que as mulheres sejam candidatas, tanto na Europa quanto no Brasil, o número de parlamentares, presidentas, prefeitas e governadoras ainda é tão pequeno.

A hipótese que coloco em discussão é a de que o poder político disponível, à imagem da sociedade patriarcal, que é concentrado, personalista e baseado na superexposição pública (ou no dinheiro), não atrai a maioria das mulheres. Nem mesmo as que atuam politicamente em outras esferas. Será que processos políticos mais participativos, menos egocentrados, com poder mais distribuído localmente e com responsabilidades coletivas, seriam mais atraentes à alma feminina?

Se olharmos o engajamento delas em associações de bairro, em movimentos de base vinculados ao cuidado ou em dinâmicas sociais mais contemporâneas, com liderança compartilhada, veremos que ali há uma maioria absoluta de mulheres. Ali onde elas podem fazer a diferença na construção do bem-viver ou na manutenção de boas condições de vida, ou onde elas podem partilhar desafios coletivos em uma trama de governança inovadora, ali elas estão.

Mas o que me fez pensar na hipótese desse post não foi a política, mas a ausência quase absoluta de gurus femininos na India.   Fiquei me perguntando porque não há pôsteres imensos de suas excelências iluminadas – com muito respeito por alguns – vestidos de saris femininos... E aí uma potencial guru fêmea, no alto de sua grande maturidade e refinada espiritualidade, respondeu: o verdadeiro poder transformador é interior, está em cada uma e em cada um. O culto à personalidade, só faz esconder essa verdade e não quero servir a esse propósito.

Talvez o que sirva para no mundo espiritual sirva também para a política parlamentar ou para os governos. As mudanças que permanecem são construídas no dia à dia, de baixo pra cima e com responsabilidades horizontais, compartilhadas. As mulheres querem sim fazer política e ajudar o mundo a se tornar mais solidário, mais democrático, mais sustentável, melhor de se viver. Mas a maioria delas – e as estatísticas mostram isso – preferem fazer isso em esferas menos espetaculares e de forma mais coletiva.

 

 



Cidadãos comuns governam capital da India!

марта 3, 2015 1:29, by Débora Nunes - 0no comments yet

Traduzi um breve texto de Siddhartha, jornalista indiano e fundador do movimento Diálogos em humanidade na India, falando da vitória de um novo partido nada convencional, formado por cidadãos sem envolvimento com a política tradicional e que abrem um nova era na governança das cidades.

Sobre o significado da vitória do  Partido do Homem Comum

Siddhartha

A vitória esmagadora do Partido Aadmi Aam (AAP) nas eleições em Nova Delhi foi manchete nos jornais da Índia e em outras partes do mundo. Pela primeira vez por aqui um partido político capturou o imaginário das pessoas pela sua integridade e pela grande determinação em fazer mudanças.

O AAP tem como líder Arvind Kejriwal, o novo governador de Delhi, homem  carismático e honesto, ex-funcionário federal do imposto de renda. O AAP foi capaz de ganhar de forma tão convincente por causa de sua determinação em acabar com a corrupção no funcionalismo público, na polícia e na classe política. O AAP também mostrou aos pobres que as taxas de água e eletricidade estão inflados e que é possível fazer uma redução drástica de preço. Mais importante ainda, o AAP propõe inaugurar uma governança participativa e transparente em Delhi, como um conselho de cidadãos controlando as contas públicas.

Os resultados das eleições de fevereiro mostraram que um grande número de pessoas pobres e de classe média baixa votaram no AAP. Em menor número, setores das classes média e alta também apoiaram o AAP. O Partido do Congresso, que governou a Índia durante largo período, foi completamente dizimado. O BJP, um partido de centro-direita, que governa o país no momento, também se saiu tristemente nas eleições. Enquanto AAP obteve 67 assentos no parlamento, o BJP venceu apenas 3 e o Partido do Congresso não conseguiu nenhum.  

Pela primeira vez na história da India o pertencimento a uma religião, casta, língua e até mesmo a uma classe parece não importar na hora do voto. Os problemas reais que as pessoas enfrentam tomou foi o centro das atenções. Isto traz grande esperança de que outras partes do país também possam seguir o mesmo caminho, especialmente nas grandes cidades. Será preciso esperar um pouco mais, entretanto, para que o eleitorado rural indiano, de imaginário semifeudal e ainda orientado por uma lógica de castas, seja incorporado ao processo renovador da política indiana.

 



Sonho que se sonha junto é realidade

февраля 9, 2015 7:56, by Débora Nunes - 0no comments yet

 

Bangalore, Índia

 Ouvir os versos de Raul Seixas “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, sonho que se sonha junto é realidade” cantados em inglês por indianos é lembrar que nosso Raul também aprendeu esses versos universais com Cervantes, no romance Dom Quixote.  O espírito dessa canção está onde se constrói coletivamente alternativas para um mundo mais justo, solidário e sustentável. O evento February Dialogues trouxe experiências muito interessantes para um mundo sem lixo,  sobre como produzir agroecologicamente, como tirar energia de plantas nativas, como realizar eventos que combinem aprendizados para a mente, o corpo e o coração...

O evento acontece em um lugar muito especial: Fireflies, um ashram sem guru, ou seja, uma comunidade espiritual – como existem milhares na India  – só que sem guias e reverências. Apenas a Mãe Terra aqui é sagrada, mas todas as religiões são respeitadas. A instituição que mantém essa comunidade, a Pipal Tree Fondation, convida todas as crenças a celebrarem seus deuses, aqui representados em belas estátuas de pedra, e a conviverem em paz, numa região marcada por guerras religiosas. A ideia  de uma espiritualidade vivida através de ações por justiça social, por respeito a Natureza e em meio a uma bela coleção de obras de arte convence gente de todos os tipos e crenças a trabalharem juntos por um mundo melhor.

O evento February Dialogues participa da rede Diálogos em humanidade que existe em diversos países e no Brasil é representada, entre outros, pelo Brechó EcoSolidário. Essa rede mostra uma grande quantidade de “práticas do futuro emergente”, que inspiram coletivos a realizarem hoje o que gostariam de ver desenvolvido no mundo. Essa atitude de agir ao invés de apenas criticar governos e sociedades e o fato de que esses eventos/processos se darem de forma coletiva e auto-gestionária criam uma força de transformação social. Muitas outras redes com essa mesma perspectiva de fazer revoluções tranquilas  estão em andamento e em processo de conexão, criando aos pouco uma rede de redes que dará exemplos para um mundo que parece sem saída e precisa de inspiração.

 

 

 



Indicadores de bem viver

января 27, 2015 0:32, by Débora Nunes - 0no comments yet

Perguntas sobre o sentido da vida e de como tirar melhor proveito da existência acompanham a trajetória humana desde sempre. As respostas, naturalmente, variaram muito no tempo e no espaço e ao longo da história as religiões foram as maiores fornecedoras de indicações de resposta, convidando as pessoas a adotarem suas doutrinas, a viverem “corretamente” e assim alcançarem o céu, o nirvana, o olimpo.... Para além das religiões e dos anseios íntimos de homens e mulheres, apenas a filosofia e, muito mais tarde, no século XIX, a psicologia, que se debruça sobre o indivíduo como nunca antes, se interessaram a dar respostas ao tema.

As discussões de cunho filosófico e psicológico colocam a questão do sentido da busca por uma existência que valha a pena sem fornecer padrões de resposta, propondo apenas caminhos de reflexão e apoio na construção de respostas pessoais. As demais ciências mantiveram-se até bem pouco tempo distantes do tema do sentido da existência e do que seria viver bem.  Ao longo do século XX, concomitantemente com a construção de um Estado de Bem Estar Social, o mundo intelectual começou a construir indicadores para uma avaliação da situação objetiva de grupos humanos, relacionando implicitamente bem estar e renda, por exemplo.

O primeiro indicador de riqueza, surgido após a segunda guerra mundial, foi o Produto Interno Bruto - PIB, representando a soma de todos os bens e serviços produzidos numa determinada região ou país. Este indicador começou por revelar, de maneira inédita - pelos menos por algumas décadas e em relação à maioria dos países – que o produto interno bruto das nações estava efetivamente vinculado a situações objetivas de vida dos cidadãos. Ou seja, fora as exceções de praxe (como países com grande concentração de renda), a renda per capita, os níveis de escolaridade e educação e a longevidade dos cidadãos, por exemplo, tinham relação com a medida do PIB dos países.

Foram criados neste ínterim vários indicadores complementares à mensuração do PIB, como o Índice de Desenvolvimento Humano – IDH, que buscaram identificar a situação de vida das pessoas com dados diretos de nível de renda, educação, saúde e padrão de vida, por exemplo. Ao mesmo tempo, a discussão sobre a necessidade de “corrigir” aquilo que a medida do PIB poderia iludir sobre a vida dos cidadãos, incorporando um indicador que identificasse a desigualdade (mascarada pelo PIB) foi fazendo seu caminho, consolidado hoje na apuração do Índice de Gini, que retrata as diferenças sociais entre grupos humanos que vivem juntos.

Segundo este mesmo caminho de aprofundamento do entendimento sobre a noção de bem estar, observa-se um fenômeno recente de interesse pela dimensão da felicidade, abordados por vários campos intelectuais, até mesmo por áreas ditas “áridas”, ou reativas a discussões subjetivas, como a economia e a administração. Se antes estas áreas relacionavam o bem estar dos trabalhadores e a produtividade, por exemplo, tratando de salários que viabilizassem confortavelmente a “reprodução da força de trabalho”, ou da correta organização do espaço de trabalho, hoje, cada vez mais, elas vêem relacionando também o que se poderia chamar de “bem estar emocional”, ao sucesso das empresas e instituições em geral.

Se até a economia e a administração começam a pensar em indicadores mais amplos de bem estar, o que não dizer das revistas de grande circulação que se propõem, com grande alarde e em dezenas de línguas diferentes, a mostrar o “caminho” para a felicidade, de modo geral de forma quase caricata e sem ir a fundo dessa grande questão humana.

Outro campo no qual esta discussão sobre a felicidade vem chegando paulatinamente é a medicina ocidental, que nasceu com a idéia do “corpo são em mente sã”, mas que desenvolveu de tal forma a farmacologia e a intervenção cirúrgica que esqueceu, nos séculos recentes, suas bases gregas.  Mesmo esta medicina hegemônica e muito comercial vem descobrindo, cada vez com maior sofisticação científica, aquilo que as medicinas tradicionais - como a chinesa e a ayurvédica - já sabem há milênios: a relação entre espírito e matéria, entre saúde física e espiritual, entre felicidade e saúde.

Entre as várias iniciativas de discussão sobre a felicidade, uma chama a atenção, por se dar em uma esfera absolutamente infensa a discussões subjetivas: a administração pública. Embora tomando forma em um minúsculo país monárquico do Himalaia, o Butão, ela atingiu o mundo pela inovação: as políticas públicas do país baseiam-se na medição da Felicidade Interna Bruta – FIB, índice criado em 1972. O FIB trata nove domínios de onde são extraídos indicadores para que a felicidade da nação seja avaliada: bem-estar psicológico; meio ambiente; saúde; educação; cultura; padrão de vida; uso do tempo; vitalidade comunitária e boa governança. A experiência do Butão vem sendo seguida por entidades insuspeitas, como a Comunidade Européia...

Parece assim que a discussão sobre o que de fato conta na vida de cada um e na de todos, sobre o sentido da vida e a felicidade, estão ganhando aos poucos status de tema de interesse público e científico. Não é paradoxal que só agora o mundo se preocupe  com o que pode ser considerado o fim último da vida de cada indivíduo, viver bem?. Talvez isto possa ser entendido pelo fato de que a felicidade sempre foi vista como um tema subjetivo e apenas o bem estar material seria um problema público. A relação entre matéria e espírito, tão evidente na saúde, por exemplo, só agora começa a ter status científico e assim torna-se matéria de atenções intelectuais e políticas.

Em face destes avanços, uma nova dimensão desta discussão tem vindo também recentemente a público a partir do colapso progressivo do sistema Terra, face ao modo de vida dos humanos e seu rebatimento no meio ambiente. Este colapso evidentemente relaciona-se a uma visão estreita da idéia de bem estar, na qual esse estaria vinculado a um consumo cada vez maior de bens materiais, mas também a uma ideia de serviços que também toma o planeta como um provedor infinito de energia. Nesta idéia, indicadores que mostram o acesso a serviços de saúde sofisticados seriam mais expressivos da saúde dos indivíduos do que saber se ele tem um ambiente familiar e comunitário gregário. Como contraponto, pensar no “bem viver”, que tem origem nas tradições milenares dos povos andinos - como os quéchuas, os aimarás e os guaranis - tornou-se uma expressão “avançada” de indicador de felicidade.

A ética do Bem Viver andina não coloca em primeiro plano o homem/a mulher e a satisfação de suas necessidades, mas a continuidade da Vida. O Bem Viver estaria necessariamente vinculado ao bem viver comunitário, à valorização da história e da cultura, assim como ao bom relacionamento com a Natureza e ao uso respeitoso dos recursos naturais. Deslocar o estudo do bem estar para dimensões coletivas, como fazem os indicadores do FIB e a idéia do Bem Viver, é estar em sintonia com o que Fritjof Capra chama de Teia da Vida, na qual as redes, as parcerias, os ciclos e o equilíbrio dinâmico são alguns dos fundamentos.

Retomando e misturando, para finalizar, um filósofo, Patrick Viveret, que escreveu um livro memorável intitulado “Reconsiderar a Riqueza” e um psiquiatra, Carl Jung, que define a alegria como o grande indicador de que estamos no caminho certo na vida que levamos, propõe-se democratizar largamente esse debate. São os cidadãos e cidadãs do mundo, em debates públicos mediados por técnicas artísticas e muito diálogo, que devem escrever os caminhos de identificação da felicidade pessoal e coletiva.  A construção de indicadores que revelem uma sociedade equânime, sustentável e feliz, em curto, médio e longo prazos (e em acordo com as condições de sustentabilidade na vida local e global) não deve ser atributo de funcionários ou intelectuais, mas ser uma pergunta de cada um e de cada uma, todo dia. Só a partir dessa plena consciência de muitas pessoas o coletivo poderá evoluir. E vice-versa.



Link livro "Incubação de Empreendimentos de Economia Solidária"

января 12, 2015 23:25, by Débora Nunes - 0no comments yet

É com alegria que disponibilizo o contéudo integral de meu livro aqui. Apresento-o através de trechos da fala do querido professor Paul Singer:

"Eis finalmente um manual de incubação de cooperativas populares, completo, oferecendo uma ampla visão histórica do projeto socialista, que hoje se consubstancia cada vez mais na economia solidária"

"A incubação é um processo complexo, em que pessoas de extração social diversa e consequentemente de situações de vida diferente, interagem para atingir um fim comum, que não se limita à viabilização dum empreendimento de economia solidária. É disto que trata este livro."

"Não existe ainda teoria que dê conta destas tarefas da incubação (...) Este livro notável da professora Débora Nunes vem preencher esta lacuna (...) O livro (...) constroe elementos desta teoria a partir das experiências de várias incubadoras que ela investigou, somadas à experiência concreta derivada de sua participação pessoal numa incubadora (...). A experiência da autora permeia a obra, enriquecendo com um toque pessoal proposições teóricas – de que a exposição está recheada – de autores clássicos das ciências sociais e da educação".



Quatro milhões nas ruas pela liberdade e contra a violência na França

января 11, 2015 22:10, by Débora Nunes - 0no comments yet

A impressionante manifestação dos franceses hoje, a maior desde  a celebração do fim da segunda guerra mundial, mostra o imenso crescimento da capacidade de mobilização da cidadania em torno de volores fundamentais. A presença surpreendente em Paris de 40 chefes de estado do mundo inteiro, a realização de manifestações nas principais cidades do planeta e a inscrição da frase "Je suis Charlie" em dezenas de línguas em jornais internacionais mostram a constituição de um "povo da Terra", que defende o valor da vida.

Como no Brasil em 2013, cada participante levava seu cartaz ou sua bandeira, e a união da pessoas não dependia de líderes, de palcos, de sistemas de som, mas dos sentimentos e valores compartilhados. Para homenagear os cartunistas mortos, muitos levavam lápis e canetas e cada um sabia que sua presença era importante pra defender a liberdade de expressão. Em silêncio, aplaudindo, cantando, lado a lado na rua, de igual pra igual, artistas, políticos, anônimos, judeus, cristãos, muçulmanos...humanos.  Imaginar que essa prática possa se desenvolver mais e mais dá esperança de que o povo da Terra vá construir junto um mundo melhor de se viver.

 



Paris hoje diz "Je suis Charlie" e protesta contra a intolerancia

января 7, 2015 19:59, by Débora Nunes - 0no comments yet

Ainda sob o choque do atentado que matou 12 pessoas hoje na sede do querido jornal satirico "Charlie Hebdo", os franceses foram às ruas aos milhares para manifestar seu pesar. Muitos cartazes escritos à mao diziam "Eu sou Charlie" e muitas pessoas levantavam lapis e canetas para mostrarem que partilham o engajamento dos jornalistas mortos: desafiar os poderosos que querem impor suas leis, sejam elas econômicas, religiosas ou sua moral conservadora.

Na praça da Republica nesse 07 de janeiro de 2015 a multidao veio repetir a frase da capa do jornal reproduzida acima, de novembro 2011: "O amor é mais forte que o odio". Comovidos e solidarios os/as cidadaos/as sabem que o fanatismo islâmico nao representa a fé muçulmana e querem demover, com sua impressionante manifestaçao silenciosa, os intolerantes que imaginam poder calar a voz dos que protestam através do humor. O clima de cumplicidade entre desconhecidos, a tristeza compartilhada e a indignaçao contra a violência mostram força dessa voz que cresce: a da cidadania.



A coragem do papa Francisco nesse Natal 2014

декабря 24, 2014 1:27, by Débora Nunes - 0no comments yet

O melhor presente: sinceridade, espírito crítico, verdades. A Igreja católica assistiu a um discurso papal que honra a história de Jesus Cristo e sua ira santa contra estruturas maléficas. Dirigindo-se à elite da Igreja o papa fala das doenças que atingem a cúria romana: egoísmo, apego aos bens materiais, narcisismo, maledicência, puxa-saquismo, exibicionismo... Esse discurso é uma revolução e mostra aquilo que nem os mais otimistas esperavam: o papa irá lutar contra a burocracia mafiosa da Igreja Católica de cara limpa, diretamente, transparentemente, sem subterfúgios e sem tréguas.  E terá amplo apoio popular vista a repercussão imediata de seu discurso.

O exemplo do papa mostra que “adaptar-se” aos desvios do poder jamais será uma saída, pois posterga a vigência do que é intolerável. Contrariamente aos políticos de esquerda que chegaram ao poder e repetiram atos nefastos praticados historicamente pela direita, o papa Francisco mostra que a honradez pode se impor, serenamente. Que não é ingenuidade manter-se íntegro e enfrentar práticas desonestas denunciando-as, confiando que a população apoiará essa atitude e ajudará a transformar a realidade. Francisco aponta a cura dos males que assolam aqueles que perderam a “serenidade interior”, como sendo “fruto da consciência da doença e da decisão pessoal e comunitária de tratar-se, suportando pacientemente e com perseverança a terapia”. Que seu conselho seja ouvido, particularmente para os que perderam seus ideais.



Um novo jeito de ver e antever o mundo: o paradigma quântico e ecológico

декабря 15, 2014 12:15, by Débora Nunes - 0no comments yet

A cabeça pensa aonde os pés pisam, diz Frei Betto em sua imensa simplicidade e sabedoria. Mas não só. Para a maioria, a cabeça pensa como o mundo ao redor pensa. O paradigma atual, o modo de pensar majoritário, foi desenvolvido há séculos, quando o filósofo Renée Descartes (1596 a 1650) e depois o físico Isaac Newton (1642-1727) estabeleceram as bases para o pensamento científico atual, chamado de “cartesiano-mecanicista”, ou materialista, pra ser simples. Os séculos passaram, as Universidades, os livros, as escolas e a mídia divulgaram e hoje a maioria dos humanos pensa dando prioridade à racionalidade, respeitando os especialistas, acreditando que o bem estar advém das coisas possuídas e imaginando a verdade e o mundo como algo pré-determinado, ou seja, que o mundo funciona como uma máquina previsível.

Newton e Descartes deram imenso apoio à humanidade para que ela saísse do jugo dos dogmas de igreja e avançasse em conhecimentos objetivos sobre o mundo, mas é preciso ir além. O paradigma cartesiano-mecanicista foi também um sustentáculo para o desenvolvimento do capitalismo e sustenta e é sustentado pelo patriarcado, já que os valores em que ele se baseia nascem neste quadro cultural: dominação, hierarquia, competição, visão de curto prazo, busca de padronização, expansão e quantidade. Só em uma visão de mundo materialista, capitalista e patriarcal é possível criar sementes trangênicas inférteis, produzir guerras pra vender armas, colocar veneno nos alimentos, ou retirar recursos dos mas pobres pra pagar dividendos aos bilionários, corroborando a lógica de que os fins justificam os meios.

Este paradigma precisa ser substituído pois esse modo de pensar – e viver – está levando a humanidade a retrocessos históricos e mesmo ao risco de extinção.  A objetividade que exclui o coração, a especialização que impede a visão de conjunto e a ideia de que muitas verdades não possam coexistir e cocriar um mundo com novas possibilidades são um empecilho à mudança. Precisamos avançar em direção a uma visão de mundo pós capitalista, pós patriarcal e que entende o mundo como matéria e vibração, ao mesmo tempo.

O novo paradigma vem sendo chamado de quântico, holístico, sistêmico, orgânico ou ecológico e propõe um novo jeito de pensar e estar no mundo. Nesse jeito estamos todos interligados, usamos a cooperação para avançar, buscamos a coerência entre o pensar, o sentir, o falar e o fazer.  A física quântica, nascida no século XX irá iluminar a mudança de paradigma do século XXI e nos ajudar a sair do pensamento único para acolher a diversidade; a caminhar para uma lógica integrativa, que sai da separatividade do “ou isto ou aquilo” para o “e” que inclui; a sair da lógica masculina para uma lógica plural que valoriza o feminino;  a sair da inteligência racional para  a inteligência  múltipla, incluindo a intuição, a inteligência do corpo e a do coração.

 

Cada pessoa pode ajudar o mundo a mudar trabalhando sua própria mudança de percepção. O inspirador vídeo “O buraco branco do tempo”, de Peter Russel ajuda a entender como agir. E se quiser entender melhor o paradigma quântico, acesse aqui



Outra economia é possível e se desenvolve aos poucos

декабря 1, 2014 12:58, by Débora Nunes - 0no comments yet

A crítica ao capitalismo é uma constante em todo lugar. Nos países do sul, que pouco conviveram com progresso social, democracia e capitalismo, ela é parte do dia-a-dia dos movimentos sociais, dos partidos de esquerda, das universidades, de conversas de intelectuais e trabalhadores/as há décadas. Nos países do norte, a experiência do aumento da desigualdade após mais de meio século de Estado de Bem Estar Social, relativa igualdade e democracia sólida, faz a crítica ao capitalismo se ouvir de forma cada vez mais forte. Mas o capitalismo segue sua organização econômica e social aparentemente sem muitos abalos, tendência dessas iniciativas é crescer, pois aliam preocupações sociais e ambientais inadiáveis ao desafio da economia.

A economia solidária na Bahia tem algumas joias, iniciativas bem sucedidas e de longo fôlego que merecem ser conhecidas e apoiadas. A Redemoinho, cooperativa de comércio justo que promove o consumo consciente é uma delas. Criada na Faculdade de Administração da UFBa por membros do Bansol e da Colivre e apoiada por professores e amigos/as diversos, ela disponibiliza uma quantidade razoável de produtos em sua loja virtual Redemoinho, oriundos da agricultura familiar e de cooperativas diversificadas. Os/as consumidores/as da Redemoinho são os principais parceiros de sua aventura. Quem está insatisfeito com o capitalismo tem muitas opções de demonstrar seu desagrado comprando bens produzidos em outros circuitos. Esse pequeno gesto, praticado por milhões, certamente incomodará o sistema e pode ser tão poderoso quanto tantas revoluções sonhadas. E certamente será menos traumático. Vamos praticar revoluções tranquilas?

apesar de uma opinião pública que lhe é cada vez mais desfavorável, ainda mais com os desastres ambientais que provoca e que se fazem cada vez mais evidentes.

As práticas de economia plural, a economia solidária, a eco-economia, a economia da comunhão, etc. vem se desenvolvendo e mostrando que é possível organizar laços econômicos em outras bases. Os principais motores dessas economias não capitalistas, que fazem do lucro uma parte da questão econômica e não seu único fim, são os/as consumidores/as conscientes. A consciência no consumo se torna uma das principais armas contra o capitalismo. Em tempos de desmobilização operária e intenso consumo inconsciente que fazem o capitalismo parecer triunfante, as milhares de iniciativas de economia solidária e plural são a promessa de outro desenvolvimento. Elas evidenciam que uma parte as sociedade deixou de apenas criticar e resolveu organizar a economia de outro modo.  A