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12 de Janeiro de 2009, 22:00 , por Desconhecido - | Ninguém está seguindo este artigo ainda.

VII Encuentro de Investigadores Latinoamericanos de la Alianza Cooperativa Internacional (ACI

20 de Maio de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Llamada a la presentación de ponencias al VII Encuentro de Investigadores Latinoamericanos de la Alianza Cooperativa Internacional (ACI), Santiago de Chile, noviembre de 2012

Hasta el 23 de abril se encuentra abierto el plazo para presentar ponencias para el VII Encuentro de Investigadores Latinoamericanos de la ACI, que tendrá lugar los días 13 y 14 de noviembre en Santiago de Chile, organizado por el Centro Internacional de Economía Social y Cooperativa (CIESCOOP-USACH). El Encuentro lleva por temática “Innovación Social y Desarrollo Cooperativo”.



Curso em Políticas Públicas

20 de Maio de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Formação: atores para a governança metropolitana

 Formando atores para a governança democrática nas metrópoles
           O Observatório das Metrópoles promove, há mais de uma década, o Curso de Políticas Públicas com o propósito de fornecer um conjunto de conceitos, métodos e técnicas para formação de atores sociais capazes de participar da governança democrática nas cidades brasileiras. O projeto, que teve início na Baixada Fluminense, é difundido atualmente em várias metrópoles do Brasil e representa o esforço do instituto de aproximar o saber científico da sociedade civil, como também seu compromisso pela democracia participativa e na luta pelo direito à cidade.
O Curso de Formação em Políticas Públicas surgiu de um projeto de pesquisa realizado pelo Observatório das Metrópoles em meados de década de 1990, o qual constatou que os atores locais – tanto do poder público quando da sociedade civil – tinham dificuldade em assimilar os princípios da reforma urbana. A solução encontrada pelos pesquisadores do instituto foi investir na formação dos agentes sociais com o objetivo de fortalecer os espaços de participação na gestão pública municipal. A fim de valorizar naquele contexto histórico a temática metropolitana, o Observatório definiu a Baixada Fluminense como região prioritária para os cursos.
“O primeiro curso de Políticas Públicas foi realizado em São João do Meriti em 1999. No início, os cursos eram focados em diversos temas – saúde, educação, habitação etc.; depois, com a aprovação do Estatuto da Cidade e a criação do Conselho Nacional das Cidades (ConCidades), nós decidimos que o enfoque para a formação seria, a partir dali, a temática urbana”, lembra o professor Orlando dos Santos Júnior.
A metodologia do Curso de Formação foi elaborada, desde o começo, para ser mais que uma experiência acadêmica, já que reúne o saber científico com as questões postas pelos atores locais. “Reunimos atores governamentais e não governamentais em um mesmo espaço, buscando reproduzir assim uma esfera pública de participação a qual reúne gestores do poder público e sociedade civil para dialogar. O que fazemos é colocar essas perspectivas diferentes para refletir sobre as políticas públicas, sobre o direito à cidade e das cidades”, afirma Júnior.
Para a pesquisadora do Observatório das Metrópoles e educadora da ONG Ação Urbana, Regina Fátima Ferreira, o Curso de Formação parte da perspectiva de Paulo Freire para a produção dos sabres sobre a cidade. “O que fazemos é estimular os agentes sociais para que tragam as suas experiências cotidianas. Nenhum curso é pensado apenas como aula teórica, os alunos trazem questões do seu bairro, da sua região e da sua cidade para debater e refletir nas aulas, problematizando e construindo propostas. É um ambiente de fórum, de esfera pública mesmo”, explica Regina.
O curso, que tem uma estrutura modular, é dividido por temas e busca reconhecer as diferentes perspectivas e estimular o debate em sala de aula. A partir de 2004, quando o projeto assume como tema central o direito à cidade, o Observatório incluiu dinâmicas vivenciais no programa com a ideia de reproduzir o ambiente de um conselho local, ou seja, um espaço de debate de esfera pública participativa. “O que queríamos era quebrar com a noção de homogeneidade de opiniões e trabalhar com a gestão/mediação de conflitos”, explica Júnior.
Em 2012, o Curso de Formação será realizado, pela terceira vez, em São João do Meriti. Um dos destaques dessa edição é a dinâmica “Cartografia Representativa”, na qual serão trabalhadas as formas de representação da cidade, as formas não oficiais. Segundo o professor Orlando Júnior, os alunos não irão percorrer os mapas oficiais, mas sim tentar entender como representam a sua própria cidade. Ou seja, localizar os espaços de poder – onde vivem pobres, ricos e a classe média. “A dinâmica servirá para desconstruir as representações da cidade, reconstruindo-a a partir dos seus atores sociais os quais podem colocar nesse novo mapa outras reivindicações, outras demandas que não são legitimadas muitas vezes pelo poder público”, defende.
Projeto de Extensão, saber científico e sociedade
O Observatório das Metrópoles caracteriza o Curso de Formação em Políticas Públicas como um projeto de extensão por uma dupla razão. Primeiro, o instituto vê a formação como uma contrapartida social, ou melhor, como a missão acadêmica de difundir o seu saber científico à sociedade. A segunda razão está relacionada ao engajamento de estudantes de graduação, mestrado e doutorado na prática dos cursos de formação, espaço no qual eles entram em contato com os atores locais, entendem as demandas reais da sociedade e das políticas públicas, e atuam na mediação de conflitos.
“É uma possibilidade de troca interessante entre esses saberes. De um lado a liderança social – que tem a experiência prática da cidade e dos movimentos sociais; do outro o pesquisador da universidade – com uma perspectiva mais teórica e com dados e informações sistematizadas. Dessa forma, é uma troca que enriquece muito o processo”, afirma Regina.

Democracia participativa
Ao optar pelas esferas públicas de participação, o Observatório das Metrópoles aposta num modelo de democracia participativa que combine a democracia representativa com a participação da população – e sua multiplicidade de atores e interesses. Atualmente, no Brasil a democracia representativa tem um jogo institucional com regras, na maioria das vezes, capturadas pelo poder econômico, impedindo assim que os grupos populares consigam ser representados nesses espaços.
“A gente faz uma crítica aos canais da democracia representativa liberal porque eles têm muitos limites para representar essa multiplicidade de interesses, seja pelos vícios do próprio sistema eleitoral, seja pela mediação dos partidos – que não são mais os únicos atores capazes de representar os interesses sociais. Na verdade, há um conjunto de atores com suas demandas que não estão representados por esse sistema e parlamento, sendo que as esferas públicas – os conselhos – permitem alargar o espaço de participação”, defende Júnior e completa.
“Somente um instrumento de participação direta pode diminuir o hiato que separa os canais da democracia representativa da vida social real. E a democracia participativa é uma possibilidade de fazer com que esses segmentos transformem as suas necessidades em demandas de políticas públicas. É essa a nossa aposta, que exige a formação e o fortalecimento desses atores para ocuparem esses espaços”.
Desdobramentos e resultados
Para a promoção dos Cursos de Formação, o Observatório das Metrópoles tem contado com a colaboração de parceiros institucionais. Nos cursos da Baixada Fluminense, a ONG Fase Solidariedade e Educação contribuiu até o ano de 2010. Após a sua saída, a ONG Ação Urbana assumiu a tarefa de coordenação pedagógica do curso.
“O papel da Ação Urbana é colaborar na tradução do conhecimento científico para os atores sociais. E a partir da experiência que temos com educação popular transformar uma linguagem mais técnica numa linguagem mais simples e didática para os agentes sociais. Além disso, outro papel importante é justamente acompanhar os processos reais, dando continuidade aos cursos. Ou seja, cabe à Ação Urbana fomentar fóruns temáticos vinculados à temática urbana, como também acompanhar o debate nos conselhos locais”, explica Suyá Quintslr, educadora da organização não governamental.
Na Baixada Fluminense, o Cursos de Formação completa em 2012 a sua décima quarta edição, tendo passado por vários municípios que compõem a região metropolitana do Rio de Janeiro. A seguir a lista com as edições e os locais de realização:
Edições:
•    1999 (18 de outubro a 8 de dezembro) – Programa Interdisciplinar de Capacitação de Conselheiros Municipais – São João de Meriti •    2000 (12 de junho a 26 de julho) – Programa Interdisciplinar de Capacitação de Conselheiros Municipais – Nova Iguaçu •    2001 (16 de abril a 5 de junho) – Programa Interdisciplinar de Capacitação de Conselheiros Municipais – Paracambi •    2002 (3 de junho a 10 de julho) – Programa Interdisciplinar de Capacitação de Conselheiros Municipais – Belford Roxo •    2003 (20 de outubro a 26 de novembro) – Programa Interdisciplinar de Capacitação de Conselheiros Municipais – São João de Meriti •    2004 (7 de junho a 14 de julho) – Programa Interdisciplinar de Capacitação de Conselheiros Municipais – Nova Iguaçu •    2005 (1 de agosto a 21 de setembro) – Programa Interdisciplinar de Capacitação de Conselheiros Municipais – Mesquita •    2006 (19 de junho a 9 de agosto) – Programa Interdisciplinar de Capacitação de Conselheiros Municipais – Nova Iguaçu •    2007 – Programa Interdisciplinar de Capacitação de Conselheiros Municipais •    2008 (3 de novembro a 10 de dezembro) – Curso de capacitação de agentes sociais e conselheiros municipais da cidade para a elaboração do Plano Municipal de Habitação de Interesse Social – Nova Iguaçu •    2009 – Programa Interdisciplinar de Capacitação de Conselheiros Municipais •    2010 (3 de novembro a 15 de dezembro) – Curso de Capacitação de agentes sociais e conselheiros(as) municipais da cidade, habitação e meio ambiente para elaboração dos Planos Municipais de Saneamento Ambiental – São João de Meriti •    2011 (30 de maio a 7 de julho) – Curso de Formação de Agentes Sociais e Conselheiros Municipais – Mesquita
Além da Baixada Fluminense, o Curso também foi implementado em diversas cidades brasileiras através da Rede nacional do Observatório das Metrópoles, como Belém, Recife, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Maringá e Fortaleza. O Curso de Formação voltado para conselheiros municipais também resultou em uma série de outros cursos temáticos, os quais foram desenvolvidos na Baixada Fluminense e no Rio de Janeiro, para debater questões referentes à habitação, orçamento participativo e orçamento público, plano diretor, gestão de recursos hídricos, entre outros.
“Desde a criação do Conselho Nacional das Cidades, o Observatório das Metrópoles organizou e participou, conjuntamente com o Fórum Nacional de Reforma Urbana (FNRU), dos processos de formação e capacitação de conselheiros para o ConCidades, o que mostra o seu comprometimento com as várias esferas do poder público”, explica Regina Fátima Ferreira, pesquisadora do Observatório.
Dos produtos gerados dos Cursos de Formação, merecem destaque os Cadernos Didáticos. O Observatório publicou quatro volumes, ao longo de doze anos, organizando o debate em torno dos conselhos locais e do tema urbano. “Os Cadernos são materiais muito importantes para o instituto porque tem o propósito de aproximar o debate acadêmico da sociedade”, argumenta Orlando Júnior.
A seguir os dois últimos livros lançados: Cadernos Didáticos Políticas Públicas e Direito à Cidade: Política Habitacional e o Direito à Moradia Digna Programa Interdisciplinar de Formação de Agentes Sociais e Conselheiros Municipais

 

Cadernos de Formação – Políticas Públicas e Direito à Cidade

Conhecimento para transformar a cidade
Em julho de 2011, a pesquisadora do Observatório das Metrópoles e doutoranda do IPPUR/UFRJ, Thêmis Aragão, participou do Curso de Formação em Mesquita, região metropolitana do Rio de Janeiro, ministrando aulas sobre a temática da habitação – com enfoque para os PMCMV e PAC, visto que naquele período as obras desses programas federais impactavam a região da Baixada Fluminense. “No processo de formação, os alunos conseguiram diferenciar o que era PAC do que era PMCMV, já que normalmente no discurso político as diferenças não aparecem de forma tão clara. A partir dali, eles passaram a entender as diferenças das obras do PAC na Baixada; e também começaram a ter conhecimento para transformar essa realidade, sabendo como pressionar dentro de um conselho ou outra esfera de participação pública para influenciar as políticas de habitação”, explica Thêmis.
Ao final do curso, a equipe do Observatório das Metrópoles e Ação Urbana promoveram a dinâmica “Percurso Urbano”, com visitas programadas num empreendimento do PAC, numa urbanização em área de risco e numa comunidade de área ribeirinha. O objetivo era comparar o que havia sido discutido em sala de aula com a realidade urbana, no tocante aos problemas de meio ambiente, habitação, gestão urbana e saneamento básico. “A dinâmica ofereceu a possibilidade de os alunos lerem os espaços, construir perspectivas e resolução de problemas”, explica Thêmis e completa.
“Para mim foi um processo de aprendizado importante ao lidar com subjetividades diferentes. Nesse processo, a academia tem muito a apreender, assim como também tem muito a transmitir para as lideranças sociais”.



Fri, 18 May 2012 11:14:54 +0000

17 de Maio de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

Tijolo ecológico é feito com mistura de barro e manipueira

Do sitio www.unisolbrasil.org.br

Santana do Cariri – A manipueira, um líquido que sobra da prensagem da mandioca, está sendo utilizada na produção de tijolos ecológicos, o chamado tijolo de adobe de terra crua e moldado em fôrmas artesanalmente. A grande vantagem é que o processo de fabricação não exige a queima do tijolo. É só misturar o barro com a manipueira, colocar na fôrma e deixar ao ar livre. Ao contrário do produto convencional, que é queimado com lenha, o tijolo de adobe aproveita a luz solar.

Os elementos químicos presentes no líquido fazem o papel do fogo, pois sua evaporação endurece a peça do mesmo modo que o fogo faria. Esse processo reduz o uso de água, poupa a matriz calorífica, que é a lenha, evitando o desmatamento e a emissão de gases com a queima.

Outra vantagem é a não poluição do meio ambiente. “Este é o grande mérito do processo”, diz o técnico da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Ceará (Ematerce), Acácio Moraes, destacando que o trabalho é executado dentro dos princípios da construção ecológica, buscando o mínimo impacto ambiental, enfocando a utilização de materiais regionais e valorizando a mão-de-obra local.

É uma técnica de construção natural em que o principal recurso utilizado para construí-lo é o barro, que é encontrado no próprio local da construção. Acácio explica que o processo não é novo. O adobe foi utilizado por todas as grandes civilizações. Pode-se tomar, por exemplo, o material para construir a Muralha da China, já que em boa parte de sua construção o bloco de adobe foi utilizado. No Brasil, este modelo de alvenaria foi trazido pelos portugueses, ainda durante a colonização.

“A construção feita com este tijolo torna-se muito resistente. O interior das casas fica muito fresco, suportando muito bem as altas temperaturas. Em regiões de clima quente e seco, é comum o calor intenso durante o dia e sensíveis quedas de temperatura à noite. A inércia térmica garantida pelo adobe minimiza esta variação térmica no interior da construção”. Ao fazer este comentário, Acácio acrescenta que a restauração dessa técnica de fabricação de tijolo é de fundamental importância para evitar o desmatamento da Serra do Araripe.

O exemplo vem da natureza. O joão-de-barro, conhecida ave nordestina, constrói seu ninho de barro em forma de forno, misturando palha e esterco seco com barro úmido. O ninho suporta chuva e sol por muito tempo. “É assim que nós fazemos”, compara o agricultor José Ivanildo dos Santos, destacando que a maioria das casas do Sítio Cajueiro é de tijolos crus.

Família de agricultora já aguarda conclusão de casa feita com o tijolo ecológico de manipueira . Foto: Antonio Vicelmo.

Peculiaridade

O ninho do joão-de-barro consiste em uma bola de barro, dividida em dois compartimentos. A porta, que permite ao pássaro entrar sem se abaixar, impede que o vento atinja o interior, pois é sempre voltada para o norte. Macho e fêmea ocupam-se ativamente da construção, transportando bolas de barro que são amassadas com os bicos e com os pés.

Outra peculiaridade da casa é a localização da porta de entrada, estrategicamente posicionada na direção contrária à chuva e ao vento. Os agricultores dizem que, quando o joão-de-barro faz a porta de entrada do ninho virada para o nascente, é sinal de que o ano vai ser seco. Até hoje os ornitólogos (estudiosos das aves) não sabem como o joão-de-barro desenvolveu essa habilidade, que o mantém protegido das intempéries. Após cerca de duas semanas, o ninho fica pronto e a fêmea põe seus ovos.

O agricultor José Veranildo Ângelo da Silva, que está construindo sua casa com tijolos crus na Vila Cajueiro, diz que um milheiro de tijolos crus custa R$ 40, enquanto o tijolo de bloco chega em cima da serra por mais de R$ 300 um milheiro. “A economia é mais de 80%”, estima o agricultor. O pedreiro Esmerino Cabral tem os cálculos na cabeça. Enquanto um metro quadrado de parede com bloco consome somente 25 tijolos, o mesmo espaço é feito com 50 tijolos de adobe, o que aumenta um pouco os custos e a mão de obra. Mas esta diferença é diluída no assentamento.

Esmerino Cabral, pedreiro, constrói casa utilizando o tijolo ecológico. O produto, ainda feito em escala artesanal, proporciona conforto ambiental para os moradores do imóvel. Foto: Antônio Vicelmo.

Material consistente

O tijolo cru não precisa de cimento. Do ponto de vista técnico, segundo o pedreiro, a parede com tijolo cru é mais consistente. Mesmo assim, a maioria das casas de farinha da Serra do Araripe continua desperdiçando a manipueira no solo.

A Ematerce, que vem acompanhando o processo de fabricação de farinha e goma, está incentivando o aproveitamento do resíduo, não somente na fabricação de tijolos, mas também como fertilizante, substituindo os agrotóxicos das lavouras, sendo um defensivo natural contra formigas, carrapatos e doenças que atacam as lavouras.

Também pode ser utilizado na produção de vinagre para uso doméstico e comercial, na produção de sabão, adubo orgânico e ração animal.

Acácio acrescenta que o objetivo do projeto é deixar evidente que existem alternativas possíveis de serem postas em prática, com processo simples, utilizando-se “terra crua”, que há milênios é empregada na construção de moradias, buscando soluções para estes graves problemas e sem danos ambientais.

O tijolo cru, segundo o técnico da Ematerce, pode ser uma alternativa viável para diminuir o custo desse componente na construção civil, e, conseqüentemente, na construção de novas casas populares.

Fique por Dentro 
Líquido tem grande potencial de nutrientes

A manipueira, que em tupi-guarani quer dizer “o que brota da mandioca”, tem um grande potencial de nutrientes. Pode ser utilizada como fertilizante natural, substituindo os agrotóxicos das lavouras, sendo um defensivo natural contra formigas, carrapatos e doenças que atacam as lavouras. Na produção de vinagre para uso doméstico e comercial, na produção de tijolos para a construção e na produção de sabão. A manipueira é rica em substâncias químicas como nitrogênio, fósforo, potássio, cálcio, magnésio, enxofre, ferro, zinco, cobre, manganês, boro, cianeto livre e cianeto total. Com assistência técnica, este líquido, que costuma ser desperdiçado, pode ser utilizado como ração animal.

Fonte: Regional – Diário do Nordeste.



Sun, 13 May 2012 00:45:07 +0000

11 de Maio de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda

A ilusão da igualdade

Mesmo com a queda dos índices de desigualdade, país mantém mazelas sociais

© PASCAL DELOCHE / GODONG / OPÇÃO BRASIL IMAGENS

Parabólicas se misturam à miséria na favela do Morro Dona Marta, Rio de Janeiro

Diversas pesquisas têm mostrado que a desigualdade econômica de renda corrente (proveniente de salários, pensões, juros) tem se reduzido sistematicamente no Brasil desde o início da décaca passada. Pesquisadores estimam que, se mantivermos o ritmo observado recentemente, em 2030 atingiremos o nível de desigualdade econômica semelhante ao de alguns países desenvolvidos, como o Canadá, onde há pouca diferença de renda entre os cidadãos e um altíssimo padrão de bem-estar social.

Não é fácil, porém, visualizar esse “Canadá de médio prazo” da janela do carro. “Apesar dessa queda, ainda estamos entre os 12 países mais desiguais do mundo, onde 1% dos brasileiros se apropriam da mesma renda que os 50% mais pobres e os 10% mais ricos têm 40% da renda”, explica o economista Claudio Dedecca, professor titular do Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os indicadores obtidos pela pesquisa A desigualdade socioeconômica no Brasil, financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e pela Coordenação de Aperfeiçoamento Superior (Capes), e coordenada pelo economista, cujo desenvolvimento metodológico tem sido incorporado em outros projetos realizados em equipe com os professores Walter Belik e Rosana Baeninger, da Unicamp, apontam para a necessidade de uma abordagem multidimensional das desigualdades na sociedade brasileira que não leve apenas a renda em consideração. “Não se pode negar o declínio da desigualdade da distribuição da renda na última década e de como essa recomposição resultou num recuo da pobreza de natureza monetária”, diz o economista.

“Mas é preciso falar de desigualdades em lugar de desigualdade. A baixa renda é apenas um dos riscos sociais a que se encontra exposta a população pobre. Temos que analisar ainda o acesso dessa população aos bens e serviços públicos como educação, saúde, terra, trabalho, alimentação, transporte, saneamento, água e habitação. A pobreza é uma situação de fragilidade socioeconômica de natureza multidimensional”, observa Dedecca. “Não basta combater a pobreza monetária: temos que reduzir os riscos socioeconômicos da população em miséria extrema. Os dados da pesquisa indicam que esse grupo ainda sofre com uma elevada vulnerabilidade no acesso ao mercado de trabalho e aos bens e serviços públicos e sociais. A redução desses riscos sociais, que é o objetivo real do crescimento, foi pequena, e os elementos de desigualdade de 2003 continuam presentes hoje”, explica.

“Se a população pobre aumentou seu poder de compra, continua alijada do acesso aos bens sociais. De que adianta ter renda canadense sem ter saúde, educação, habitação e saneamento de qualidade mínima? Os resultados obtidos pela nossa pesquisa mostram a manutenção de uma elevada desigualdade para a maioria dos indicadores”, fala o pesquisador. “A experiência dos países desenvolvidos mostra que fortalecer a renda reduz a pobreza, mas não a desigualdade”, concorda a economista Celia Kerstenetzky, da Universidade Federal Fluminense (UFF), coordenadora da pesquisa O Estado do bem-estar social no Brasil em perspectiva comparada. “Os Estados com melhor padrão de bem-estar social optaram por um nível de consumo digno, mas com políticas sociais amplas, universais e de qualidade elevada.”

© PASCAL DELOCHE / GODONG / OPÇÃO BRASIL IMAGENS

A tecnologia adentra os lares mais simples da favela carioca

Saneamento
“Algumas modalidades de bens e serviços podem ser acessadas via renda monetária ao menos para uma parcela da população, com maior poder aquisitivo. Mesmo assim, alguns destes bens ou serviços não são passíveis de individualização no seu fornecimento, como saneamento e transporte público. Para os segmentos mais pobres da população, eles necessitam ser fornecidos gratuitamente ou de modo subsidiado”, pondera Dedecca. Ou seja, desigualdade não é sinônimo apenas de falta de renda, mas de acesso à cidadania e serviços públicos que, no caso dos mais pobres, dependem da ação do Estado. “Assim, mesmo que os programas de transferência de renda tenham tirado 1,3 milhão de pessoas da miséria, os indicadores multidimensionais revelam a permanência de uma elevada vulnerabilidade de inserção no mercado e de acesso aos serviços públicos básicos”, diz. Em 2009, 3,2 milhões de famílias estavam nessa situação, boa parte não enquadrada nos critérios dos programas do Estado.

A política social brasileira vem conhecendo uma ampliação de escopo e cobertura, desde a promulgação da Constituição Federal de 1988. Durante o período de instabilidade e crise econômica do país, a política social avançou em termos de cobertura, porém impondo uma baixa qualidade dos serviços prestados. A partir de 2003 a política social ganhou maior centralidade nas estratégias dos governos, que ampliaram os investimentos para elevar a qualidade das ações e dos programas. “A retomada do crescimento com geração de empregos formais e com uma política de valorização do salário mínimo fortaleceu os mecanismos de distribuição de renda, favorecendo as políticas sociais”, diz Dedecca. De início, a queda da desigualdade se deu com o empobrecimento dos mais ricos ao mesmo tempo que os mais pobres foram protegidos pela revalorização do salário mínimo. “Não se quer queda da desigualdade à custa dos ricos, mas aproximar os pobres aos padrões mais altos de renda.”

A partir de 2008 as novas condições do crescimento econômico, caracterizadas pela redução da desigualdade de renda corrente e da pobreza de natureza monetária, fizeram-se graças à valorização das políticas sociais e de trabalho e renda, que implicou uma relação menos desequilibrada dessas com a política econômica, modificando, mesmo que ainda de modo incipiente, os parâmetros adotados por técnicos e especialistas em orçamentos públicos. “Para isso, aumentamos muito os gastos federais com transferências de renda, que hoje representam 9% do PIB. Mas não se viu uma eficácia distributiva em função disso. A melhoria na distribuição de renda pouco teve a ver com o Bolsa Família, por mais que o programa alivie a vida das pessoas em pobreza extrema”, observa o economista Claudio Salm, da UFRJ, autor do livro Políticas sociais em tempo de crise (Editora Brasília, 1990). “O mais importante nesse processo foi o aumento das oportunidades de trabalho, com mais e melhores empregos criados a partir do crescimento econômico”, argumenta.

“Será preciso manter as taxas de crescimento elevadas por muito tempo para se aumentar os gastos com os programas de renda do governo. É a ‘teoria do bolo’: os avanços sociais são subordinados ao crescimento econômico”, avalia Salm. Dedecca concorda que, ao atingir a cobertura da população-alvo, os novos avanços da política de combate à pobreza passaram a depender de aumentos dos benefícios e do escopo dos programas. Fatores que, com certeza, exigem um gasto maior que o PIB e em muito superior ao orçamento do governo. “Mas não podemos ficar presos ao crescimento e ao fator renda, mas encontrar instrumentos que reduzam a desigualdade com inserção produtiva e acesso a bens públicos com qualidade”, pondera o pesquisador.

Inserção
Há quem discorde. “O acesso a bens públicos contribui para o bem-estar das pessoas, mas é inegável que a variável para atacar a desigualdade é a renda”, acredita o economista Sergei Dillon Soares, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), autor da pesquisa Erradicar a pobreza extrema (Texto para Discussão Ipea, 2011). “Depois de ‘dar os pobres aos mercados’ como consumidores está na hora de dar ‘os mercados aos pobres’ como trabalhadores. Isto é, tratá-los como protagonistas de sua história e menos como receptores de dinheiro público”, analisa Marcelo Neri. “Precisamos de um ‘choque de capitalismo’ para os pobres. A pergunta da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio) é simples: “Quanto dinheiro você tem no bolso?”. É a soma da renda do trabalho, do que o aposentado da família ganha de pensão, do valor recebido dos programas sociais. Para o cidadão comum, é isso o que importa: o conforto que ele leva para a casa da família. E você nota que o bolso do pobre cresceu mais, proporcionalmente, que o do rico”, afirma.

Os indicadores da pesquisa feita pela equipe de Dedecca pedem mais cautela e menos pressa. “Programas de renda sempre existirão no país. Levará um tempo razoável para que essa população consiga retornar sozinha ao mercado de trabalho.” O fosso existente de renda das famílias pobres em relação à média do total de famílias é significativo. As primeiras auferem um rendimento médio per capita correspondente a menos de 4% do valor médio. Em relação aos rendimentos das políticas públicas, as famílias pobres recebem um valor correspondente a 1,4% daquele observado para a média do total das famílias Assim, a inserção produtiva, vista como “porta de saída” dos programas de transferência de renda, é complexa e limitada.

“Além disso, os indicadores mostram que a inserção não é a solução para a fragilidade social e é de difícil consecução: um de cada quatro membros das famílias pobres está desempregado, e os que trabalham vivem na informalidade”, adverte Dedecca. Sem vínculo formal, caem as chances de rendimentos adequados, de acesso a crédito, serviços bancários ou proteção social mínima. As diferenças regionais não atenuam as dificuldades. Segundo a pesquisa, a densidade da pobreza não tem relação direta com o grau de desenvolvimento econômico: os estados da Bahia e São Paulo, que possuem um notável contraste industrial, são responsáveis por um quarto das famílias na miséria.

Até o “bônus demográfico” (ver “Brasil em transição demográfica”, na edição 192 de Pesquisa FAPESP), a queda da fecundidade geral no país que possibilitaria maior oferta de emprego, não ocorrerá se a desigualdade se mantiver. “As famílias são menores, mas há problemas na sua composição: os pobres têm ‘taxas de dependência’ elevadas: a proporção de familiares em idade inativa é muito superior à média brasileira, o que diminui a chance de inserção produtiva”, conta Dedecca. Além disso, há um índice alto de chefias femininas e de negros nesses estratos. Com a discriminação, de gênero ou raça, caem ainda mais as chances de inserção. Para as mulheres, isso se reflete no tempo gasto com a organização das famílias, gerando dupla jornada e informalidade.

© LEO RAMOS

Exemplo de produção para consumo próprio: horta comunitária feita em Embu, São Paulo

Informalidade
Informalidade, aliás, que em geral se converte em desigualdade, em todos os gêneros e raças. A exclusão da formalidade do mercado implica necessariamente a exclusão da proteção social derivada dele. Fator que pode influenciar outro indicador: a elevada taxa de mortalidades perinatal nos segmentos pobres, em muito superior à média do país e em crescimento: de 2003 a 2009, os índices subiram de 25,57 mortes por mil nascidos para 36,90 mortes por mil nascidos. A falta de acesso à Previdência tem números muito altos para qualquer programa social dar conta: mais de 9,5 milhões de famílias sem nenhuma proteção.

Existem indicadores positivos, mas com ressalvas, como o aumento da escolarização de crianças entre 4 e 16 anos, próximo da média nacional, indicando a universalização da educação da nova geração. Ao mesmo tempo, cresceu o indicador de defasagem escolar, prova de que a universalização aconteceu, mas sem qualidade. Mesmo o fator mais celebrado, o aumento da renda vem com atenuantes. O poder de compra dos pobres cresceu, mas não os fez mais saudáveis. Há índices crescentes de má nutrição e de obesidade. Nesse caso, há mais dinheiro para alimentação, mas a dieta é pobre e com muito carboidrato. “Os pobres são influenciados pelas propagandas e comem mal. Esses dados apontam problemas futuros de saúde”, alerta Dedecca. A área rural, muito penalizada nos indicadores, ao menos nesse leva vantagem ao produzir para consumo próprio o que permite acesso a alimentos de maior valor nutritivo.

Essa vantagem levou o governo federal a estimular essa produção como forma de inserir o meio rural no mercado. “Não rejeito a ideia, mas segundo os índices é uma tarefa quase inviável diante da ausência de demanda e das precárias condições de mercado. Essa prática atenua a pobreza rural, mas é insuficiente para melhorar os indicadores sociais tão desfavoráveis”, diz o pesquisador. O que é ruim nas metrópoles é pior nas áreas rurais. “O Brasil se vê erroneamente como sociedade urbana. Temos mais de 30 milhões de pessoas na área rural”, diz Dedecca. “Mesmo com transferência de renda, é muito complexa a ação das políticas públicas e o acesso aos bens sociais nessas regiões”.

Em habitação, perdem rurais e metropolitanos, ainda que alguns números sejam animadores: as casas pobres, hoje, têm paredes e telhados na média nacional, assim como indicadores positivos de banheiro por habitação e moradores por dormitório. “O problema é a localização das casas, em geral em regiões sem acesso a esgoto, pavimentação ou água encanada. Eles também estão abaixo da média na coleta de lixo, no uso de combustível adequado para cozinhar, na posse de geladeiras para conservação dos alimentos.” As moradias são construídas sem orientação técnica, aumentando situações de risco, já potencializadas pela localização em áreas perigosas como encostas de morros. Um dado de habitação surpreende: a proximidade dos índices de famílias pobres e famílias da média nacional vivendo mais de quatro anos no mesmo município. “Isso indica que a migração não é um fator determinante de desigualdade”, analisa.

Todos esses fatores questionam a entusiasmada visibilidade pública dada à questão da queda da desigualdade durante a década passada. “Ainda assim, a evolução recente das desigualdades no país, mesmo que não tenha produzido os resultados positivos esperados, mostra, pela primeira vez, uma fase de crescimento com capacidade distributiva”, lembra Dedecca. “A reprodução da relação entre crescimento e distribuição com uma maior qualificação das políticas públicas poderá se traduzir em resultados socioeconômicos mais expressivos, com a possibilidade de uma transformação social que se traduza em redução das desigualdades com maior justiça social e constituição de um efetivo Estado republicano, onde a cidadania seja um bem comum a toda a sociedade.” Daí, sim, será possível ver o Canadá.

Fonte: CARLOS HAAG | Edição 194 – Abril de 2012

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UNISOL NA CÂMARA DOS DEPUTADOS

8 de Maio de 2012, 21:00, por Desconhecido - 0sem comentários ainda



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