Em busca da mente clara: meditar...meditar
July 25, 2016 23:06 - Pas de commentaireDébora Nunes
Conhecer a própria mente e sua forma de funcionamento é um passo essencial para o aprendizado da meditação, mas é também um excelente caminho para a clareza mental em todas as esferas da vida. Um princípio fundamental para uma mente clara, segundo muitas tradições de sabedorias orientais, é dar-nos conta de que “não somos a nossa mente, somos a pessoa que observa a mente funcionar”. Esta percepção estabelece que conhecendo nossa mente poderemos direcionar seu funcionamento, termos melhor discernimento, usarmos melhor nossas capacidades e nosso tempo e sermos assim mais felizes.
A atenção ao momento presente é o caminho para tranquilizar a mente e perceber seus mecanismos de atuação. Porém, diversos obstáculos se colocam a esse alinhamento com o agora e a mente tende a distrair-se. O budismo identifica dezenas de tipos de "distrações" que fazem com que a mente se desalinhe, se agite e dificulte a conquista da clareza e da paz interior inerente à mente alinhada. Algumas destas distrações serão comentadas a seguir e você poderá identificar quais são seus padrões. Com base nesse conhecimento, e em minha experiência com estudantes, identifiquei cinco tipos bastante comuns de funcionamento da mente. Aqueles/as que querem avançar na prática da meditação e beneficiar-se de uma mente mais clara e tranquila podem observar o tipo de pensamentos mais frequentes em seu dia a dia e assim se aventurar em seu mundo interior e buscar evolução pessoal. Nunca é demais dizer que, numa concepção holística, integrativa, cada evolução pessoal ignifica também uma evolução coletiva, já que tudo está interligado.
Nos tempos atuais, a maior parte das pessoas tem momentos em que é controlada pelos próprios pensamentos, chegando a confundir a si mesma com sua mente. A mente desassossegada é aquela que está constantemente envolvida com pensamentos repetitivos, seja em torno de emoções, positivas ou negativas (desejos, ciúme, raiva, paixões etc.) ou de situações vividas (questões de trabalho e relacionamento, entre outros), das quais não consegue se desligar. A mente preocupada é movida pelos medos e se ocupa excessivamente de especulações sobre o futuro, sobre o que pode acontecer em casa, na saúde, no trabalho, com os entes queridos etc., ocupando-se, na maioria das vezes desnecessariamente, com pensamentos negativos. A mente comentadora é aquela que opina incessantemente sobre tudo e todos, com julgamentos muitas vezes negativos, observando criticamente os outros, perdendo a oportunidade de observar a si mesmo e evoluir. A mente planejadora está sempre focada no futuro, seja na agenda imediata, seja na mais longínqua, planejando os passos a seguir de modo geralmente esperançosamente positivo, mas idealizando sua capacidade de interferir no mundo e alienando-se, do mesmo modo, do momento presente. ]
A mente testemunha, por outro lado, é a de quem encontrou a paz interior, pois ela está atenta ao que acontece aqui e agora, permitindo que a pessoa sinta mais o mundo e observe a si mesma em ação, evitando perder-se em seu próprio funcionamento mental e abrindo caminhos para o aperfeiçoamento pessoal. Os tumultos da mente são amenizados quando meditar se torna parte da vida. Nesse caso, a mente testemunha naturalmente se instala no espaço de paz produzido na meditação e no qual ela encontra alimento para se desenvolver. Pode-se perceber assim as variações do comportamento mental ao longo do tempo e identificar o que é natural e sadio e o que deve ser curado. Quando vivemos situações de estresse excessivo, é natural tendermos ao desassossego em torno do tema que nos estressa, como é típico da mente inquieta, porém viver desassossegado/a é doentio. Em situações em que estamos conhecendo muitas pessoas e circunstâncias novas é natural o comentário consigo mesmo sobre o que se vê e vive, como é típico da mente comentadora, mas se o julgamento é o principal mote da mente, e sobretudo se ele é constantemente negativo, é fácil ver que há uma fuga de si e de seus próprios desafios. O planejamento sobre o que se quer, seja em termos de ações concretas quanto de evoluções buscadas também é natural, e mesmo necessários, como é típico da mente planejadora, só não podem ser compulsivos e ocupar a maior parte dos pensamentos.
Testemunhar calmamente o próprio processo mental nos dá, ao promover o autoconhecimento, a oportunidade de cura dos excessos, pois a mente é maleável e pode ser treinada. A proposta é conseguir uma disciplina mental para evoluir e evitar que os padrões excessivos (que podem ser mais de um) que desenvolvemos por circunstâncias pessoais ou temperamento nos deixem infelizes. Um caminho simples para reconhecer o próprio padrão mental é adotar práticas de meditação, como a meditação diária de um minuto para iniciantes, explicada aqui. Ao começar o método, enquanto sua mente estiver agitada, use os exemplos dados acima como referência e observe o padrão de funcionamento mental que se reproduz, antes que a calma vá se instalando. Na medida em que você repete em semanas e meses a experiência meditativa (que pode ter vários métodos, encontrados facilmente na web através de mestres disponíveis), a percepção do funcionamento mais comum da sua mente vai se tornando mais e mais evidente. Identificado o padrão, é importante entender a relação desse padrão com a história de vida e a personalidade e “cortar” os excessos, com persistência.
Se há muita inquietação, é preciso uma mudança profunda no jeito de viver; se há medos e preocupação demasiada, é preciso desenvolver mais confiança nos outros e no mundo; se há muito julgamento, é hora de focar em si, com compaixão, para poder evoluir; se o foco é no futuro e no que há a fazer, mais presença e prazer no momento presente, no aqui e agora, pode ser o caminho. Cada um destes percursos evolutivos exigirá muita disciplina e discernimento, muitas vezes demandará inclusive apoio terapêutico, mas será mais fácil se se sabe que direção tomar. Para isto o diagnóstico do padrão mental é o primeiro passo. Com persistência na meditação a mente que vai se esvaziando de suas sombras e se tornando naturalmente cada vez mais clara e plenamente consciente. Só uma mente clara permite o alinhamento de si com o que é essencial. O alinhamento e a autenticidade favorecem ações pertinentes para a realização individual e com isso mais alegria no dia a dia e ao longo da vida e melhores consequências para o mundo ao redor. Nada há a perder. Tente!
Como colocar em prática minha transição ecológica?
July 17, 2016 19:52 - Pas de commentaire
O questionário abaixo é parte da formação da Escola de Sustentabilidade Integral e vai de práticas mais triviais até sua visão de mundo. Ele pode ser útil para qualquer cidadã/o que queira avaliar o estágio em que se encontra rumo à sustentabilidade em sua vida cotidiana. Contabilize seu resultado no final e planeje sua transição para uma vida mais ecológica.
1 – Você costuma separar seu lixo de acordo com os materiais?
A – ( ) Sim, em minha casa separo cada material (vidro, metal, papel e plástico) que levo para reciclagem e faço compostagem do lixo orgânico;
B – ( ) Separo o lixo orgânico do reciclável, tento reciclar uma parte e entrego à maioria à coleta municipal;
C – ( ) Gostaria de fazer, mas ainda não consegui me organizar para isso;
D – ( ) Outro (precisar)...
2 – Sobre sua relação com a água, e o nível de consciência com o qual você usa esse bem:
A – ( ) Conheço o meu consumo de água, em litros por dia, e diminuí o mesmo tanto no banho, quanto na escovação dos dentes, na lavagem de pratos e roupas e nunca desperdiço água;
B – ( ) Evoluí significativamente em relação ao consumo de água para higiene pessoal (uso roupas por mais tempo, economizo no uso da máquina de lavar, da descarga do vaso sanitário etc), mas sei que posso melhorar;
C – ( ) Percebo a importância e o simbolismo da mudança desse aspecto, mas ainda não consegui uma real transformação;
D – ( ) Outro (precisar)...
3 - Em relação ao consumo de energia elétrica, em que pé está sua consciência e ação?
A – Avaliei o meu consumo de energia em kWh por mês, evito banhos frequentes, demorados e muito quentes, não deixo lâmpadas e aparelhos ligados sem uso nem em casa nem no trabalho, etc., ou seja, não desperdiço;
B – ( ) Observo que já evoluí na conscientização, mas estou em processo de mudar meus hábitos;
C – ( ) Quando estou em contato com pessoas, textos, etc., que tratam da sustentabilidade, sinto-me envolvido, mas ao voltar ao cotidiano, esqueço.
D – ( ) Outro (precisar)...
4 – Sobre a compra de roupas, sapatos e acessórios:
A – ( ) Compro itens novos para repor os que estão imprestáveis e priorizo o conserto e a reforma dos mesmos;
B – ( ) Compro de vez em quando para repor, para ter mais opções e sentir-me renovado (a);
C – ( ) É importante para mim estar em sintonia com o ambiente em que vivo e renovo meu guarda roupa para manter-me minimamente atualizado/a;
D – ( ) Outro (precisar)...
5 – Sobre como a conexão com o meio natural se manifesta pra você:
A – ( ) Observo sempre a Natureza e geralmente percebo a presença de outros seres vivos, como os insetos, pássaros, plantas... Sou atento/a ao estado deles, ao que transmitem através meus diferentes sentidos... Noto se as plantas que me cercam estão com sede, a evolução das fases da lua, as pequenas mudanças das estações, o movimento das nuvens e dos ventos, etc.
B – ( ) Quando estou em momentos de lazer e de férias fico muito atento/a ao mundo Natural que me rodeia;
C – ( ) Sou grande admirador/a da Natureza, mas minha relação com o meio natural ainda é pouco explorada;
D – ( ) Outro (precisar)...
6 – Sobre como a conexão com seu próprio corpo se manifesta:
A – ( ) Tenho práticas cotidianas de consciência corporal, sejam meditativas ou em movimento. Observo o que como e bebo, examino regularmente minha urina e fezes, observo minha relação com o frio e o calor ambiente, percebo as causas de algum mal funcionamento do meu corpo, etc.;
B – ( ) Pratico atividades físicas regularmente, tento ingerir alimentos saudáveis e evitar o que faz mal, mas minha consciência corporal não é contínua;
C – ( ) Minha conexão com meu corpo é, em geral, pouco desenvolvida e tenho pequenos problemas de saúde que não consigo entender os motivos;
D – ( ) Outro (precisar)...
7 – Sobre sua pegada ecológica e seu modo de compensar o uso excessivo dos recursos da Natureza:
A – ( ) Faço uma mensuração anual do meu comportamento ecológico, compenso os excessos que cometo plantando árvores e busco educar-me para baixar continuamente minha emissão de CO2;
B – ( ) Já fiz uma mensuração de minha pegada ecológica e implementei medidas para compensá-la, mas essa prática ainda não está inserida em minha vida de forma permanente;
C – ( ) A idéia da mensuração da pegada ecológica e sua compensação ainda não é inteiramente clara para mim;
D – ( ) Outro (precisar)...
8 – Em relação à imagem que você tem do seu próprio futuro e da crise climática em andamento:
A – ( ) Estou suficientemente informado/a e consciente sobre a gravidade da situação e me projeto no futuro em uma vida resiliente e ecológica, praticando desde já, na medida do possível, esse estilo de vida;
B – ( ) Embora esteja informado/a e consciente, ainda não consigo ter um projeto pessoal de futuro para conviver com a situação ambiental em degradação;
C – ( ) Evito pensar no assunto, pois ou sinto que as informações disponíveis não são claras ou vejo os problemas como grandes demais e isso me bloqueia;
D – ( ) Outro (precisar)...
9 - Sobre sua relação com a comida e o nível de consciência com o qual você ingere alimentos:
A – ( ) Percebo que alimentar-me é meu gesto mais constante de relação com a Natureza e com o mundo e, por isso, pratico-o conscientemente, ritualmente, fazendo escolhas que respeitem meu corpo e outros seres e honrando quem produziu o alimento;
B – ( ) Diminuí meu consumo de alimentos industrializados, busco comer produtos menos contaminados e evitar carnes, beber mais água e estar atento/a ao meu peso;
C – ( ) Sei da importância daquilo que ingiro tanto para mim quanto para o mundo, mas a força dos hábitos ainda determina largamente minha alimentação;
D – ( ) Outro (precisar)...
10 – Sobre a compra e uso de objetos em geral:
A – ( ) Observo o culto social aos objetos e busco comprar apenas o imprescindível, diminuir a quantidade de objetos que já tenho, doando, reciclando ou descartando, e adoto uma vida de mais simplicidade e cuidado e conserto do que tenho e evito desperdícios;
B – ( ) Observo que tenho mais do que preciso e por isso compro cada vez menos, priorizando o conserto e a reforma, uso sacolas reutilizáveis, evito embalagens, etc.;
C – ( ) Percebo o meu impulso para a compra que revela a formatação que a sociedade de consumo impõe e tento lutar contra isso, mas ainda não consigo me desapegar desse sistema;
D – ( ) Outro (precisar)...
11 – Em relação aos meios de transporte que você usa:
A – ( ) Priorizo a caminhada, o uso da bicicleta, da moto ou do transporte público e evito o avião para longos trajetos se possível. Quando uso carro fico atento ao tipo de combustível utilizado e ofereço caronas solidárias... Organizo as minhas atividades cotidianas o mais perto possível umas das outras;
B – ( ) O carro individual ainda é meu principal meio de transporte mas tenho mudado de hábitos para privilegiar percursos mais próximos e assim evitar seu uso;
C – ( ) Observo a insustentabilidade da forma como me desloco, mas ainda não consegui mudar minha rotina;
D – ( ) Outro (precisar)...
12 – Sobre a organização e forma de funcionamento de sua casa e os recursos da Natureza utilizados:
A – ( ) Aproveito a iluminação e ventilação naturais, capto energia solar e água de chuva, tenho horta doméstica, faço compostagem, compartilho o uso das instalações da casa e as refeições com outras pessoas para diminuir o impacto ambiental, etc.;
B – ( ) Tenho implantado aos poucos medidas de diminuição do impacto ambiental do meu modo de vida em minha residência, diminuindo o gasto de energia e água, estando atento a diminuir o uso de produtos de limpeza químicos, etc;
C – ( ) Moro em residência convencional e tenho grande dificuldade de implantar um modo de vida mais sustentável;
D – ( ) Outro (precisar)...
13 - Sobre seu papel em relação a evolução do nível de consciência das pessoas que o/a cercam e da sociedade em geral:
A – ( ) Tenho engajamento em organizações ou movimentos socioambientais. Busco ajudar na conscientização geral através do exemplo e orientar aqueles que me pedem conselhos;
B – ( ) Concentro minha atenção ao meu próprio exemplo e, quando posso, ajudo os próximos em relação às suas escolhas de vida;
C – ( ) Sei da urgência de uma mudança de comportamento da sociedade, em larga escala, mas a força cultural dos hábitos ainda determina largamente minha atuação;
D – ( ) Outro (precisar)...
14 - Sobre seu entendimento e práticas em relação à ”ecologia profunda“:
A – ( ) Percebo os elementos (água, terra, fogo e ar) como sagrados e tudo o que me cerca como resultado da generosidade da Natureza. Agradeço em silêncio meditativo o privilégio de partilhar dessa abundância;
B – ( ) Tenho mudado meu comportamento ao estar mais atenta/o à teia da vida em que me insiro, entendendo a interconexão entre tudo e todos, tendo mais respeito e buscando uma maior interiorização;
C – ( ) A vida agitada impede-me de consagrar mais tempo para perceber cotidianamente o milagre da vida;
D – ( ) Outro (precisar)...
15 - Sobre o uso do meu tempo e a sustentabilidade:
A – ( ) Percebo meu tempo de vida de forma clara e priorizo seu uso em função de minhas prioridades no curto, médio e longo prazo e de modo a me realizar integralmente como pessoa e ser útil ao mundo;
B – ( ) Tento dividir meu tempo de forma mais equilibrada para permitir maior qualidade de vida, porém o tempo parece me fugir das mãos;
C – ( ) Sinto que o uso do meu tempo é ditado pelo mundo exterior, sem que eu tenha possibilidade de fazer o que realmente queria a cada dia, mês e ano;
D – ( ) Outro (precisar)...
16 - Com relação ao seu tempo de lazer e férias:
A – ( ) Eu geralmente gosto de estar com as pessoas que amo em espaços naturais, de conhecer iniciativas alternativas e conviver com seus animadores, assim como contribuir à economia local;
B – ( ) Procuro descobrir novas cidades e lugares naturais, onde possa descansar e relaxar. Quando possível, busco apoiar a economia local e participar de ações para proteger o meio ambiente do lugar;
C – ( ) Geralmente eu gosto de ir a lugares onde tudo é bem organizado e confortável, onde posso fazer boas compras e depois compartilhar impressões com meus amigos. No entanto, começo a ficar um pouco entediado porque é quase sempre a mesma coisa;
D – ( ) Outro (precisar)...
17 - Com relação à forma como você usa seu dinheiro:
A – ( ) Percebo o dinheiro como uma forma de energia que pode reforçar aquilo que quero ver desabrochar no mundo, como a solidariedade e a ecologia. Assim, priorizo gastar no comércio local, em cooperativas, em feiras, com produtos mais sustentávies e orgânicos e no pagamento de serviços diretamente a pessoas que se nutrem de minha energia. Busco evitar shoppings, produtos estrangeiros e marcas símbolos do consumismo;
B - ( ) Busco gastar meu dinheiro com marcas e prestadores de serviços que são próximos aos meus valores de vida, mas esse gasto ainda não é tão importante no meu orçamento e estou buscando melhorar;
C- ( ) Pra mim ainda é difícil priorizar gastos como uma escolha política. Ainda busco o mais barato, o que é mais prático, ou o que está na moda. A ideia do dinheiro como energia de vida a partilhar ainda está fazendo seu caminho em mim;
D – ( ) Outro (precisar)...
18 - Com relação à sua vida financeira:
A – ( ) Tenho mais dinheiro do que preciso não porque ganho muito, mas porque simplifiquei a minha vida de modo que as minhas necessidades são poucas e posso economizar para aproveitar melhor as oportunidades. Percebo claramente que não vale a pena usar a maior parte do meu tempo de vida para ganhar dinheiro pois o tempo é a nossa maior riqueza;
B - ( ) Questiono-me sobre a relação custo-eficácia de um modo de vida que necessita de mais dinheiro do que se tem, ou sobre se focalizar excessivamente no acúmulo de poupança. Busco simplificar a vida para ser mais feliz ;
C- ( ) Minha vida é uma preocupação constante de dinheiro. Mesmo trabalhando muito, nunca tenho o suficiente para pagar as minhas contas e ter uma poupança satisfatória que me ajudaria a ter mais segurança;
D – ( ) Outro (precisar)...
Como interpretar os resultados:
Veja quanto vale cada resposta dada por você, some os pontos e veja em que categoria você se encaixa:
A – 1 B – 3 C – 5
Até 35 pontos: Você demonstrou ser uma pessoa que busca a sustentabilidade e o respeito à Natureza em seus atos cotidianos;
De 36 a 54 pontos: Você demonstrou ser alguém em busca de transformação, que se esforça para ter uma vida sustentável;
Igual ou maior que 55: Você demonstrou que as dificuldades da transformação pessoal ainda estão bloqueando mudanças de hábitos, embora você já se dê conta disso. A sociedade e o planeta precisam que você acelere seu ritmo de engajamento ecológico.
Transição para novos sistemas políticos
June 12, 2016 11:20 - Pas de commentaire
A crise brasileira, a candidatura de Donald Trump nos EUA, o crescimento da extrema direita na Europa, entre outros fatos políticos atuais, colocam a Democracia em foco. Esse texto busca contribuir nessa reflexão, pensando a transição a ser empreendida para a reinvenção da democracia, fazendo-a reencontrar seu objetivo original de ser o governo do povo, pelo povo e para o povo. Se o sistema representativo que materializa hoje esse lema democrático trai sua origem, seja pelos poderosos interesses financeiros que dirigem a política, seja pela corrupção, pela intolerância ou pela manipulação midiática, o caminho não pode ser outro que aprofundar ainda mais a democracia.
Mas como? Como transitar de um momento criticamente desafiador para algo que seja desejável e legítimo para a sociedade e que honre a história da democracia? A evolução histórica da civilização humana vem generalizando o acesso à cidadania, que implica em condições sociais dignas de existência e possibilidade de participação de cada pessoa nas decisões coletivas. É assim que os países assinaram a Declaração dos Direitos Humanos, os Objetivos do Milênio e mais recentemente a Declaração de Paris, na COP 21, no final do ano passado (para citar apenas documentos mais recentes e conhecidos). O como avançar está ligado à continuidade desses avanços.
Os sistemas políticos devem servir a atingir os objetivos de organização das sociedades de modo a que os seres humanos possam desenvolver seus talentos e ter uma vida feliz em meio a uma coletividade mais igualitária e integrada de forma respeitosa com a Natureza. Esses objetivos vêm sendo construídos ao longo dos séculos e por eles se superou pouco a pouco o absolutismo, o escravismo, as desigualdades entre sexos, raças, crenças, etc. Chega-se a um Estado Democrático de Direito na atualidade que, embora largamente imperfeito, defende a Vida e o desenvolvimento humano mais que em qualquer época histórica. Mas não se pode negar também que o sistema político que o sustenta foi gradualmente distorcido no mundo todo. A concentração de renda nas mãos dos super ricos, a concentração da informação na mão de alguns conglomerados e a concentração em curso da produção de alimentos (que vem se tornando veneno) na mão de poucas empresas expressam isso.
Para sair do impasse das distorções do sistema democrático é necessário enxergar que florescem pelo mundo iniciativas de democracia direta, de novos coletivos cidadãos, de “revoluções tranquilas” que buscam a coerência entre o discurso e a prática, de conquistas de direitos e de inovações na política. As inovações são ainda isoladas e restritas, mas já trouxeram novidades palpitantes que precisam ser mais e mais estudadas, como o exemplo da queda do governo na Islândia pela pressão popular, dos movimentos de jovens “Indignados”, do surgimento do Partido do Homem Comum na India, do partido “Podemos” na Espanha, do movimento Nuit Debout na França, das ocupações da juventude que começaram com o Occupy Wall Street, nos EUA e outras e outras novidades que trazem esperança para o quadro atual.
Há claramente no mundo, de um lado, um movimento descendente, e mesmo decadente, de modelos políticos hierárquicos e concentradores de poder e o Brasil expressa isso hoje de forma espetacular. Do outro, há um movimento ascendente, protagonizado pela sociedade civil na maior parte das vezes afastada dos partidos políticos tradicionais. Esse movimento ascendente ainda não se coloca como alternativa política na maior parte dos países, mas traz várias novidades inspiradoras. Está em ascendência outros modos de vida, mais colaborativos, mais horizontais, mais conectado pelas redes sociais e que colocam a questão da evolução das partes (do indivíduo e dos coletivos engajados) como base essencial para a transformação do todo.
Essa ascendência está conectada com outra visão de mundo, com outro paradigma cultural e científico, inspirado na física quântica, no pensamento sistêmico e no holismo, que entra em choque frontal com as bases dos sistemas políticos atuais. A interdisciplinaridade, a interconexão, a valorização das relações sutis, energéticas e “não locais” substituem o reducionismo do materialismo, do conhecimento compartimentado, da hierarquização de saberes. Para muitos, essa nova visão de mundo, com reflexos evidentes nos modos de organização das sociedades são a manifestação da nova era de Aquários, em ascensão.
Como favorecer que os movimentos de maior amorosidade e interconexão humana global que ora emergem se acelerem trazendo sua contribuição a essa fase da evolução da humanidade, antes que o movimento decadente nos arraste nas crises ambientais, financeiras e políticas que acompanham sua queda? Como evitar que o movimento de emergência e o movimento de descendência não criem uma colisão dolorosa para a humanidade, motivada pelo medo do status quo de perder sua hegemonia e da revolta dos perdedores com a injustiça do sistema? Como pensar uma transição, em etapas, da passagem de um modelo que vem se tornando cada vez mais concentrador de renda e de poder, para um modelo coerente com os princípios democráticos no qual os interesses coletivos prevalecem?
A transição para novos sistemas políticos é um desafio que exigirá a criatividade e a coragem daqueles/as que se motivam a contribuir pensando, sentindo e agindo na direção do futuro. Nesse sistema, certamente, o exercício de um mandato político será inteiramente diferente: ele não será uma profissão, mas um serviço, ele não será um privilégio, mas uma honra. Pode-se pensar que, se o foco da política é o interesse coletivo, só as pessoas que se sentem profundamente motivadas aspirarão a essa função. Como exemplo se pode pensar que elas poderiam assim serem remuneradas com base na renda média do país e que seus mandatos públicos implicariam na obrigatoriedade de que os mandatários e suas famílias fossem usuárias, como o cidadão e a cidadã comum, do sistema público de saúde, de educação, de transportes...
Em um novo sistema político, o bem estar da cidadania não seria simplesmente o foco da política, mas cada cidadão e cidadã seria corresponsável pelas decisões e se implicaria ativamente. Poderia ser obrigação cidadã não apenas votar, mas controlar continuamente o sistema. Do mesmo jeito que pagar impostos é uma obrigação em face das demandas coletivas que o Estado precisa arcar, opinar e fiscalizar o exercício governamental de suprimento dessas demandas seria parte dos deveres (e dos direitos) de cada um/a para com a Nação. Aqueles que exercessem cargos públicos, tanto funcionários, como parlamentares ou membros dos governos seriam avaliados anualmente por seus “empregadores”, o povo.
Nessa lógica, o Estado tornar-se-ia cada vez mais profissionalizado, como na experiência europeia e americana, avançando para ser formado por estruturas executivas permanentes, e de alto nível profissional, com confiabilidade crescente. O Brasil já conta com estruturas exemplares, como o IBGE, a Receita Federal, entre outras. A ação do Estado seria planejada participativamente a longo prazo, pela população e por organizações profissionais correlacionadas com as ações estatais. A política como a vemos hoje, a ação do parlamento, seria menos decisória e mais executiva na organização da participação e controle social.
Talvez alguns leitores e a leitoras estejam com pulgas atrás da orelha em face dessas poucas ideias sobre como “poderia ser” um sistema político que substitua o que se tem hoje. Como assim? Com a trajetória que tem o Brasil de jeitinhos e lei de Gérson, quantos não tentariam burlar obrigações? Com a força da grana mandando em tudo, quantos não assumiriam mandatos não por grandeza humana mas para estarem próximos das obras públicas e das possibilidades de obter vantagens? No caso brasileiro, mais uma vez, como profissionalizar o Estado com milhões de cargos públicos que se renovam a cada eleição? Qual parlamentar deixaria passar essa lei? E nos casos de países mais avançados em termos de estruturação de um Estado mais profissional, como evitar que as verdadeiras decisões se dessem nos bastidores?
Ao avançar em ideias de transição, como propostas simples e nem tão novas, mostra-se que a execução dessa necessita de etapas, pois a própria cultura precisaria mudar, e não se muda cultura por decreto. Belas ideias podem se tornar autoritárias se não são coconstruídas. Por isso mesmo está-se falando em transição. A solução pronta, o modelo, é completamente contrário à lógica orgânica dos novos coletivos cidadãos, dos novos paradigmas científicos (que pleiteiam a incorporação da incerteza como fato incontornável da Vida) e dos novos modelos de vida, que aspiram inspirar novos modelos políticos. As resistências criativas ao modelo decadente, a experimentação antecipadora dos novos modos de ser e fazer e a visão transformadora de futuro são os caminhos para uma construção paulatina e coletiva de novos modelos.
É a visão partilhada do que se quer e do que não se quer, são os valores humanistas, democráticos e solidários que se tem em comum, que orientam a construção do caminho. A política até poderia ser exercida por mandatos oriundos de um sorteio, como se faz para construir um júri popular ou para compor as mesas eleitorais, quando a visão e os valores partilhados estiverem estabelecidos. Seria um dever cívico do qual só por razões muito fortes alguém poderia evitar de cumprir, se sorteados. Dificilmente, por sorteio na cidadania, ter-se-ia uma concentração tão grande de pessoas desqualificadas moralmente como se tem hoje no parlamento brasileiro e em muitos parlamentos pelo mundo. Os políticos tomariam menos decisões e sua atividade seria mais e mais a fazer viver um sistema participativo de decisões democráticas, por eleição, por consulta pública, por plebiscito, referendo, etc, inclusive com voto pela internet.
Veja-se que até aqui não se falou em partidos políticos como base na organização do sistema político. Eles podem não ser eliminados, mas certamente não seriam a única base de representação de agrupamentos de visões e interesses, até porque, no mundo todo suas marcas ideológicas estão se perdendo nas práticas tristemente parecidas. Assim, os sistemas de representação de interesse poderiam ser outros, sempre de baixo para cima e sempre em função do tipo de decisão a ser tomada coletivamente. O sistema de decisões com base no voto a voto de indivíduos pode se complementar pelo voto a partir das comunidades locais, das organizações profissionais, das bacias hidrográficas, etc. Haveriam tantos colégios eleitorais nos países quanto os tipos de problemas que a coletividade demande que sejam resolvidos.
A renovação dos sistemas políticos, como foi dito, exige criatividade e coragem. O imaginário político precisa se abrir para se reinventar e uma boa inspiração são as formas práticas que a sociedade civil já usa para organizar suas intervenções no espaço público.
Sobre o dinheiro e a alma (II)
June 6, 2016 21:36 - Pas de commentaire
Alguns pesquisadores apontam uma leitura nada comum sobre a origem do dinheiro e que pode mudar nossa maneira de encará-lo. Seu surgimento não estaria vinculado à facilitação das trocas de bens, substituindo com vantagens o escambo, a troca direta. Antes dessa razão prática, o dinheiro teria sido criado por razões espirituais, para negociar com as divindades. As primeiras moedas, segundo esta versão, teriam sido animais oferecidos aos deuses em troca de favores solicitados desde tempos imemoriais: chuva, sol, boa colheita, etc. As próprias imagens cunhadas nas primeiras moedas conhecidas, feitas em metais preciosos, são de animais e são uma das comprovações dessa tese. Esta versão abre outra perspectiva de relação com o dinheiro que não é nem a da adoração, tão comum, nem a da execração. Ela vai além, entendendo seu papel simbólico e ajudando a compreender a alma humana.
Um dos motivos da adoração atual ao dinheiro é seu poder de evitar frustrações e essa é uma razão tanto prática, quanto simbólica. Quem tem dinheiro não precisa o tempo todo priorizar, escolher. Pode, em termos materiais, ter “tudo” o que deseja, em comparação à média das pessoas, e assim não ter que enfrentar as frustrações que as escolhas embutem. Outro conforto que o dinheiro traz, é o próprio conforto: paga serviços, bens e situações que evitam trabalho e permitem o descanso, algo que é buscado, em certa medida, por todos e todas. Não é à toa que o dinheiro é normalmente tão cobiçado e que quem aparenta possuí-lo esteja tão exposto à inveja.
É possível destacar duas relações profundas do dinheiro com a alma: a liberdade de escolha que o dinheiro permite e a promessa de aprovação social que ele oferece. Pensando que cada ser humano tem no seu DNA desejos de liberdade e de reconhecimento do seu valor, vê-se que todos tentam, por diferentes meios, cumprir estes desejos. A maioria tenta ser útil, trabalha no que lhe cabe buscando mostrar seu mérito, tenta ser bom pai, mãe, filho, amigo, colega de trabalho, etc., confiando colher amor e respeito de si mesmo e dos outros. O dinheiro entra aí desestabilizando a equação social. Como poderoso motor de reconhecimento, particularmente numa sociedade consumista, ajuda na criação de uma imagem pública favorável até para quem não tem mérito e usa o dinheiro para criar, acelerar ou aprofundar a desejada admiração pública.
Costuma-se separar, e é justo que se faça, aqueles que obtêm dinheiro por mérito do trabalho árduo, daqueles que o obtêm por meios escusos. Quando se obtém dinheiro por algo meritório, o desejo de reconhecimento através desse tenderia a ser menor, pois a atividade que causou sua obtenção já traz também reconhecimento, e assim não se necessitaria de exposição de poder econômico. Pode-se pensar que o apego exagerado ao dinheiro, e mesmo a exibição pública daquilo que ele proporciona, estaria mais presente naqueles que não têm outros merecimentos para serem reconhecidos, ou que intimamente duvidam de seu próprio valor. Nestes casos, que parecem ser frequentes, o dinheiro pode facilmente virar uma prisão, ao invés de um instrumento de liberdade de escolhas.
Os motivos que cada pessoa elege para valorizar o dinheiro são um bom caminho do processo de autoconhecimento: ele pode ser um revelador de desprendimento, mas também de apego. Ele pode mostrar o cuidado consigo e com os outros, ou pode ser usado para manipular e controlar as pessoas. Ele pode ser usado como caminho de esconder nossas frustrações, comprando, comprando... Mas também pode ser pensado com força de vida, como energia condensada, pode nos ajudar no caminho da coerência, usando-o para moldar o mundo que queremos. Dinheiro usado para pagar serviços bem prestados por pessoas que vivem de um trabalho honesto; para comprar produtos que nos fazem realmente bem e melhoram o mundo; para manter e reconstruir, a Natureza, nossos locais de vida, cuidar de quem amamos...
Se olhamos o dinheiro de modo mais espiritualizado, de fato é possível perceber caminhos da alma através das formas de sua presença diária na vida de cada um. Para aqueles que querem uma existência plena, não é possível ignorar como o dinheiro lhes afeta, nem desconhecer que ele é também uma metáfora de poder. A alma, ou a consciência de cada um, não quer subterfúgios, não quer vender ilusões a si mesma ou aos outros. Ao invés de execrá-lo, talvez a melhor forma de vencer o poder do dinheiro seja simplesmente olhá-lo de frente, como o que ele de fato é: um instrumento, um objeto, que tem o sentido que lhe damos. Como diz a música de Frejat “desejo que você ganhe dinheiro, pois é preciso viver também... E que você diga a ele, pelo menos uma vez, quem é mesmo o dono de quem...”.
Brésil: les rois de trèfle, de pique, de cœur et de carré tombent. Que reste alors?
June 3, 2016 15:14 - Pas de commentaireEn moins d'un mois de gouvernement provisoire, le système politique continue à s´effondrer. Les ministres sont en train de tomber l'un après l'autre, à la suite de dénonciations de corruption, alors que tout le monde voit cela avec souci et répulsion. Ce gouvernement, qui a obtenu le pouvoir après un coup d'Etat institutionnel (ses membres pensaient qu´ils serait ainsi protégés), est de moins en moins légitime. La société brésilienne n'accepte plus aucun type de corruption et n´as plus de confiance à la politique traditionnelle.
Les prétendants significatifs qui restent sur le ring désormais sont le nébuleux "marché financier" et l´émergent "peuple brésilien". Le marché financier est gagnant maintenant. Il est formé par des personnes et des entreprises qui négocient sur le marché boursier, de devises, de produits dérivés et tous les types de business qui ont l'argent comme principale marchandise. Qui domine le marché financier sont les banques, donc lorsqu'on parle de «l'intérêt du marché», ou que «le marché est vigilant", ou que "le marché n'a pas aimé les mesures prises", on parle des banques, la plupart du temps. Il est pour ce public là qui parle le gouvernement Temer, et en grande partie, les banquiers ont également été gâtés par les gouvernements Lula / Dilma. Le système politique partout au monde, et pas seulement au Brésil (voir le cas exemplaire de la Grèce), a été pris en otage par les banques et ne travaillant pas pour le peuple, comme il se doit dans une démocratie.
Pour ceux qui pensent à propos des banques seulement comme l'endroit où nous avons nos comptes, nous rappelons quelques chiffres: les banques sont créanciers de dettes partout au monde et les Brésiliens les payent, chaque année, près de 50% du budget de la nation. Imaginez que vous ne seriez pas contents de payer la moitié de votre budget à la banque juste pour abattre une petite partie de votre dette et des intérêts. Les brésiliens ont dû se battre pour avoir 4% du budget national consacré à la Eanté, moins de 4% pour l'Éducation et 3% pour l'Aide Sociale, tandis que les banques - ceux qui dominent le marché financier et les gouvernements - reçoivent 47% du budget total. Selon l’ "Auditoria Cidadã da Dívida" (mouvement civil qui vérifie la dette nationale sur une base historique et continuelle), en 2015, ces banques sont internationales comme Citibank et HSBC et les nationaux comme Itau et Bradesco. Les mêmes qui prêtent $100 Reais et reçoivent $550 Reais des brésiliens à la fin de l'année et qui ont une lucrativité de 30% à l´année. D'une manière tout simplement immoral.
Et le peuple brésilien? Celui-là qui était, pour certains éditorialistes des médias nationaux, il y a quelques décennies, "une poignée de rien » restent encore, pour beaucoup de gens, un «tas de pauvres sans classe". Mais ses «gens ordinaires» sont en train d'émerger en tant qu´acteur politique. Grace à des mesures gouvernamentales de la dernière décennie, telles que les quotas dans les universités pour les noirs pauvres, des gens ordinaires deviennent médecin. Grace à la politique de sécurité alimentaire de la Bolsa Família de Lula et Dilma, les plus pauvres ne meurent plus de la faim dans les sècheresses du nord-est et ne travaillent plus, dans les campagnes brésiliennes, pour une rémunération infime à fin de nourrir leur famille. Grace à la valorisation récente du salaire minimum et aux progrès de la législation, les travailleurs domestiques ne sont plus des semi-esclaves et sont de plus en plus respectés. Dans toutes ces politiques publiques les intérêts des gens ordinaires ont remporté les intérêts simplistes de tous ceux qui ont beaucoup d'argent: gagner plus. Voilà le peuple brésilien qui gagne en politique.
Mais le peuple brésilien est aussi la classe moyenne de plus en plus métisse et l'élite blanche. Celle là n´est pas composée entièrement de personnes impliquées jusqu'au cou avec le marché financier. Même au sein la classe moyenne dont la plus grande ambition est de devenir une partie de l'élite et répéter les modes de consommation ridicules et arriérées des riches brésiliens, on peu voir un nouveau mouvement : Il y a une nouvelle génération qui se rebelle dans les rues, dans les écoles et sur Internet. La société brésilienne est encore en train de mûrir politiquement et se laisse encore dupé par des psychopathes et des voleurs, que, comme nous l'avons vu, remplissent la Chambre et le Sénat. La population ne remet pas largement en question le système politique qui manipule l'opinion publique par l'argent et par les médias et ainsi déforme les votes, mais peu à peu émerge comme une force politique. Il se familiarise petit à petit du scénario corrompu de domination imposée par des hommes en costume et cravate qui s´exposent maintenant dans des enregistrements apocalyptiques de leurs conversations qui deviennent publiques et arrive peu à peu à la maturité. Constatant cette situation comme une construction historique qui va durer, il est possible d'envisager un scénario dans lequel les banques vont payer leur dette envers nous et le peuple, plus instruit, informé et mis en réseau, sera le maître sujet de son destin.
Cai o rei de ouros, cai o rei de copas, cai o rei de espadas...não fica nada?
May 27, 2016 11:40 - Pas de commentaireSim, ficam ao menos dois contendores de peso: o nebuloso “mercado financeiro” e o emergente “povo brasileiro”.
Enquanto o sistema político se despedaça aos olhos de todos/as, causando náusea e preocupação, os dois polos de interesse citados acima vão se tornando os personagens principais da nossa história. O mercado financeiro está ganhando agora e é preciso que se entenda melhor essa turma que está dando as cartas no Brasil. Ele é formado por pessoas e empresas que negociam no mercado de ações, de câmbio, de derivativos e todas as modalidades de negócio que têm o dinheiro como principal mercadoria. Quem domina o mercado financeiro são os BANCOS. Portanto, quando se fala de “interesses do mercado”, de que “o mercado está vigilante”, ou que “o mercado gostou das medidas”, está-se falando dos bancos, principalmente. É para esse público que fala o atual governo Temer. Em grande medida, os banqueiros também foram muito bem tratados pelos governos Lula/Dilma. O sistema político, e não apenas o brasileiro (vejam o caso exemplar da Grécia), vem sendo refém dos bancos e não trabalhando pelo povo, como deveria ser numa democracia.
Para quem pensa em banco principalmente como aquele lugar no qual temos contas, vamos lembrar alguns números: pagamos a eles, todos os anos, quase 50% do orçamento da nação, pois os bancos são credores das dívidas do Brasil. Sim, pense se você pagasse ao banco metade do seu orçamento só pra abater pequena parte de sua dívida e pagar os juros. Pena-se para que a Saúde tenha os 4% do orçamento atual, a Educação menos de 4% e a assistência social, 3%. Os bancos recebem 47% do total, segundo dados da Auditoria Cidadã da Dívida para 2015. E que bancos são esses que dão as cartas do “mercado financeiro” e dos governos? Citibank, HSBC, Itaú, Bradesco... sim, esses mesmos que estão por aí nas ruas... Os mesmos que emprestam 100 e recebem 550 no final do ano. Eles nos roubam, e roubo é uma palavra leve para esse absurdo inaceitável.
E o povo brasileiro? Esse, que já foi “um punhado de ninguém”, para certos editorialistas da mídia nacional faz algumas poucas décadas, ainda é, para muitos, um “bando de pobres sem classe”. Mas o “povão” vem emergindo. Graças a medidas como as cotas nas Universidades, gente do povo está virando doutor. Graças à política de segurança alimentar do Bolsa Família, que faz chegar no máximo 240 reais no lar das famílias mais pobres, não se morre mais de fome nas secas do Nordeste, nem se trabalha por uma diária vil para alimentar a família no campo brasileiro. Graças à valorização do salário mínimo e aos avanços na legislação, as empregadas domésticas deixaram de ser mucamas e são cada vez mais valorizadas. Em todas essas políticas públicas os interesses do povão ganharam dos interesses monocórdios de quem tem muito dinheiro: ganhar mais. Ponto pro povo brasileiro na política.
O povo brasileiro também é a classe média cada vez mais mestiça e a elite branca e nem toda ela está envolvida até o pescoço com o mercado financeiro. Mesmo na classe média cuja maior ambição é se tornar parte da elite e repetir os ridículos e atrasados padrões de consumo dos ricos brasileiros, tem uma nova geração se mexendo e se rebelando, nas ruas, nas escolas e na internet. A sociedade brasileira ainda está amadurecendo politicamente e ainda se deixa enganar por psicopatas e ladrões que, como vimos, lotam a Câmara e o Senado. O povo ainda não questiona a fundo o sistema político que manipula a opinião pública pela grana e pela mídia e distorce os votos, mas aos poucos emerge como força política. Ele vai se inteirando do cenário de mando dos engravatados que ora são expostos em gravações e delações premiadas apocalípticas e vai amadurecendo. Observando esse quadro como construção histórica que durará, é possível vislumbrar um cenário no qual os bancos pagarão sua dívida para conosco e o povo, mais educado, informado e em rede, será um sujeito histórico dono do seu destino.
Mas esse amanhã se constrói hoje: Fora Temer e sua corja golpista masculina e monocromática. Abaixo o golpe tecido nas sombras e que enganou a tantos e tantas que hoje caem em si. Que venha à luz, pelo povo nas ruas e nas escolas, pelos vídeos caseiros que mostram a resistência, pela mídia ninja, pelo conversa afiada, pelo Brasil 247, pelo the intercept e outros blogs, sites, páginas FB que não descansam.
Tempos de Temer
May 12, 2016 16:02 - Pas de commentaireOuvindo os rádios e TVs nesses dias observa-se que parece que há dois países: um, no qual vivem os comentaristas midiáticos, que falam do resultado da votação do Senado como uma vitória democrática que estaria animando a sociedade. E outro no qual as pessoas observam tudo com um difuso sentimento de desesperança baseada na ideia de que a política é podre e de que nada que saia daí pode reverter os males que estão fazendo com que se revoltem. São Paulo e Rio não são o Brasil e nem mesmo nesses estados dominantes da mídia nacional há um sentimento generalizado de vitória cívica, como se viu na campanha das Diretas Já ou no impeachment de Collor, por exemplo. O mundo em que circulam os comentaristas da mídia não representa a realidade e felizmente existe a internet e suas múltiplas interpretações de mundo, com vozes de norte a sul do Brasil.
Os novos mandantes, Michel Temer e os ministros anunciados, todos homens, não suscitam empolgação ou esperança da maioria dos brasileiros e brasileiras. São mais do mesmo em termos de políticos que não entendem a política como um serviço, como essa pode vir a ser um dia (e já o é para poucos parlamentares e governantes). Temer e seus ministros têm tendências abertamente liberais, ou seja, para ser simples: tendem a proteger os ricos. Por isso mesmo precisam ser vigiados de perto por uma sociedade civil que majoritariamente não quer retroceder em direitos sociais, seja de que lado ela esteja nesse momento: falando fica Dilma, ou tchau Dilma.
Vingança, hipocrisia e machismo
A sessão do Senado mostrou, nos quinze minutos de fala da maioria dos senadores, o quanto o processo de impedimento da presidenta Dilma Roussef está sendo movido por motivos alheios à ideia de crime de responsabilidade. De modo geral, os discursos pintaram os últimos 15 anos como sendo de verdadeiro descalabro nacional, o que está longe da realidade. Retirando-se os últimos dois anos, os dados sociais e econômicos brasileiros foram positivos, e a política avançou muito se pensarmos nas imagens de corruptos sendo presos pela Lava Jato, como “nunca antes na história desse país”.
Viu-se também no Senado o júbilo daqueles que estão se sentindo vingados por terem sido mantidos afastados do poder por tanto tempo. Outra face da sessão, muito parecida nesse aspecto à que aconteceu na Câmara, é a absoluta hipocrisia de políticos que falam de corrupção no governo (e não se ousou falar de corrupção da presidenta) como se aquela casa fosse formada por anjos, e os partidos não governistas fossem todos limpos.
Outro aspecto da sessão do Senado foi a falta de respeito com que muitos se referiram a Dilma, deixando entrever um machismo que pouco ousa se expressar, mas que está lá, e dá náuseas. Aquela famosa frase da Veja “bela, recatada e do lar”, referindo-se à mulher de Temer (que foi ridicularizada por milhares de mulheres no facebook exibindo-se como “belas, ousadas e de luta”, ou “belas, combativas e da rua”) está lá no imaginário de muitos senadores. Ao se esganaram pra chamar a atenção da mídia, numa tentativa de farsa de festa cívica no Senado, eles davam pena, tão fora do tempo e tão longe do real. Convido suas mulheres a lhes darem o corretivo que merecem.
Mas como chegamos até aqui? Não é fácil responder e há análises várias, desde as que afirmam haver uma articulação internacional da direita com o mercado financeiro, até as que vêm simplesmente uma virada histórica que pune o PT pela traição a seus princípios. Provavelmente um pouco de cada uma das muitas análises, conectadas, explicam a complexidade da realidade brasileira hoje, mas é possível olhar também sob o ângulo das mudanças civilizacionais em curso, que transformarão a política, cedo ou tarde.
Vê-se um sistema político que não se ajusta à sociedade, mas também uma sociedade que não se ajusta à política de participação e transparência que ela quer ver, majoritariamente. Vê-se um descompasso acelerando-se rapidamente entre uma sociedade hierárquica e uma sociedade em rede. Na primeira, uns mandam e outros obedecem, criticam e se desresponsabilizam. Na segunda, todos são responsáveis e decidem de forma participativa, o que exige atitudes adultas, e o olhar pra seus próprios atos.
A política atual explicita um modelo no qual se vota em representantes e se espera que conduzam o destino de todos, a partir dos poderes executivo e legislativo. As distorções do sistema pelo poder econômico e pelo poder da mídia, aliadas com o descompromisso de eleitores em manter vigilância sobre seus representantes se explicita na triste descrença na política. O velho não morreu e o novo ainda não está pronto pra nascer. Aí está um dos fundamentos da crise. Enquanto ela persiste, seria bom ouvir a frase do senador Romário, falando calmamente, votando a favor do impeachment e pedindo grandeza: “Os mandatos acabam e o país fica”. Não se esqueça disso, Temer.
Umbuzeiro: Sonata arbórea
May 4, 2016 23:33 - Pas de commentaire
SONATA ARBÓREA NÚMERO 1
De Ordep Serra, para Emerson Sales e Débora Nunes
Sempre gostei de contemplar as grandes árvores. Tenho passado bons momentos sob sua sombra. Criei amizade com várias delas. Já dediquei um poema a uma paineira, que chamei de Maria Clara. Ela tem uma personalidade luminosa. Era muito jovem quando a conheci, muito tempo atrás. Ainda tem jeito de menina-moça, que há de ostentar por muitos anos. Sua juventude resiste ao tempo, faz-se inesgotável. A mais antiga paineira que conheço, viçosa há mais de um século, nada tem de velha. Brinca feito menina de espalhar sua paina, como se fossem os cabelos brancos a que renunciou para sempre. Já fazia isso na primeira adolescência. Maria Clara confirma, a brincadeira infantil dura séculos.
Mangueiras me encantam desde a infância. Em seus palácios barrocos vive a graça maternal, forte e acolhedora. A sombra que dão já é nutritiva. As de Salvador são mães de santo poderosas, de seios fartos. Seus frutos instruem o coração. A manga espada corta os dissabores. A manga rosa ensina o rumo dos jardins, esconde na sua polpa uma leira de delícias. A bela carlota provoca doces arrepios, convida aos beijos.
Muitas árvores se enraizaram profundamente na minha memória graças ao esplendor da revelação com que sua beleza me abençoou em diferentes momentos da vida. No horto de minhas lembranças, algumas se destacam por sua atitude impecável. De muitas recordo o gesto solene, glorioso, capaz de dar sentido a uma paisagem, que sem sua dança divina, quase imóvel, simplesmente desaparece.
Conheço árvores com vários temperamentos: carinhosas, enérgicas, sisudas, joviais. Não poucas me conquistaram por seu jeito cordial, sua natureza amável. Outras me seduzem por seu estilo caprichoso, ou me conquistam por seus modos sérios de matrona, sua perfeita dignidade. Algumas combinam modos graves e sentimento jocoso.
Guardo a emoção que senti, ainda criança, ao ver pela primeira vez um bode trepado num umbuzeiro, saboreando as frutas verdes. Me fez a impressão de um sacerdote num rito solene, mas engraçado. Não esqueço a beleza da cena bizarra.
Umbuzeiros são muito espirituosos. Venero esses risonhos anjos do sertão, que brindam com humor seus frutos ácidos. No mundo árido, eles fazem par com os juazeiros, que têm a mesma alegria impossível, desafiadora. (As cabras também os adoram). Respeito muito as gameleiras, com seu ar solene, de profundo mistério, e as graciosas baraúnas. A sabedoria das jaqueiras me impressiona profundamente. As árvores de fruta-pão têm um jeito carinhoso de babás, prontas a nutrir. Os sapotizeiros também, só que acordam mais cedo.
O cajueiro é de circo. Pode embriagar muito mais que a cachaça das batidas. Inúmeros bêbados já tentaram explicar-se, depois de estranhos desvarios, balbuciando inutilmente: “Foi o caju”.
Nada mais bonito que os ipês com suas roupas de baile. Gosto das buganvílias coquetes, das acácias sedutoras, do jacarandá luminoso com seu roxo amor ao espetáculo e sua mística. A quaresmeira, apesar do nome, está sempre disposta a um carnaval. Lembra a esquisita alegria da semana santa baiana. As sucupiras são atrizes, sempre dignas de aplausos. Aprecio muito seu penteado.
A caviúna do cerrado tem jeito de mulher rendeira. Quando se enflora, dana-se a cantar. Nem todos a ouvem, mas sua cantiga é muito bonita. A bela Ingarana é uma soprano lírica, mestra de muitos pássaros.
Todos se alegram quando a cajazeira acende suas lâmpadas. Ela adora festas. Árvore perdulária, joga com alegria seus frutos luminosos ao chão, com a graça incontrolável de quem dissipa fortunas.
A imponência do jequitibá e das grandes castanheiras, a serena força do mogno e a majestade do pau ferro me impressionam profundamente. Esses gigantes da floresta se acham entre os mais belos dos arcanjos pousados na Mãe Terra. Já o cedro, seja do Líbano ou do Brasil, é com certeza um serafim.
É preciso ter coração muito duro para não se comover com as lágrimas douradas de um salgueiro em flor. Seu pranto verde também contempla as dores do mundo, vale por muitas elegias. Quando encontro um desses beatos no meu caminho, rezo logo: ora pro nobis.
Os ciprestres italianos me encantam por sua graça esguia, tão elegante que até nos cemitérios fazem pensar em Vênus e seus caprichos. Gostei de vê-los em Roma, onde não tinham cara de enterro. Em pleno dia, apontavam às estrelas. Mas nos jardins de gente esnobe eles me parecem constrangidos, assumem um jeito realmente fúnebre. Sinto que não gostam de ser tratados como lacaios.
Seria longa a ladainha se eu fosse falar das belas senhoras verdes que conheci nos remanescentes da nossa mata atlântica (hoje brutalmente mutilada), paraíso de uma incurável saudade. Quanto às soberanas amazônicas, tenho sua imagem comigo, mas de quase todas ignoro os nomes: minhas poucas incursões na grande hiléia e meu despreparo botânico me condenaram a amar deusas anônimas. Em todo o caso, boas lembranças me ficaram. Guardo com fervor, entre outros encantos, o que aprendi no Xingu sobre o mistério dos pequizeiros eróticos, com sua deliciosa armadilha. Hoje associo o fruto malicioso às coisas boas da vida, ao perigo sempre desejado, ao insuspeito charme do Deus Jacaré. Graças aos sábios xinguanos, ainda sonho, também, com a grande árvore que guardava no seu tronco todas as águas do mundo. Acho difícil me convencer de que ela não existe.
Admiro as árvores do mangue, que debruçam com doce volúpia sobre águas fecundas. São muito generosas essas pastoras de caranguejos.
Me detenho aqui, a muito custo, porque são muitos os meus amores vegetais: não cabem numa crônica. Justifico meu desvario: ele vem de longos tempos e deriva de graças inesquecíveis.
Quem nunca se apaixonou por uma árvore não conhece ainda o amor. Homem sem essa experiência não está preparado para o encanto das belas mulheres. Não desfrutará como se deve o corpo subitamente selvagem que lhe pede para enraizar-se; não sentirá o frêmito de invisíveis folhas num vendaval delicioso, nem sentirá em lábios sequiosos o sabor de inúmeras frutas. Não está pronto para as melhores dádivas.
Se você acha que sou maluco, está quase certo. Esclareço: minha loucura nada tem de perverso, é alegre e pacífica. Repudio solenemente a má louquice, avara e destrutiva, que mata e desmata. Logo, sou bomluco. Descendo de bugres místicos e de portugueses sonhadores, porém os antepassados mais próximos de meu coração, confesso logo: são negros da Costa, adoradores de árvores, com quem ainda falo em meus delírios. São eles que me me fazem compor sonatas arbóreas.
Collor and Dilma: the impoverishment of politics in Brazil
April 20, 2016 14:04 - Pas de commentaireI belong to the generation that built the end of the military dictatorship, which took place in 1984. We campaigned in favor of the amnesty for political prisoners and exiles militants and in favor of direct elections for the president (Diretas Já!). My generation also went to the streets in search for ethics in politics and for the impeachment of the corrupted playboy president of that time, Fernando Collor, who finally resigned in 1992.
For this reason, I couldn´t help from being sadly moved by the scenes I viewed at the television a few days ago, on April 17, 2016. The show that was performed -when the Parliament voted in favor of the impeachment process to President Dilma Roussef- illustrates the politics poverty that we are living in Brazil. Everything is not over for her yet, because the Federal Senate still has to vote for the prosecution to start.
Instead of assisting, like in 1992, to a campaign led by social movements – that had won against the dictatorship – and to honorable people leading the impeachment process in the Parliament, I saw the cynically ill face of Eduardo Cunha, the portrait of a Mafioso politician presiding the court. Instead of hearing deputies´ moving speaks, honoring their lives dedicated to the country, I heard angry and/or fascist’s assumptions, side by side with childish declarations like “kisses to daddy and mom who are watching me”. Those deputies, who were authentically thinking that they were defending the country against corruption, may have felt embarrassed in company of such people.
Instead of seeing, like in 1984 and 1992, a united population in defense of its country, enthusiastic with regards to the ongoing democratic progress, I saw part of the Brazilian society cruelly divided, manipulated by political parties and by media that impose their one-sided point of view, instead of providing information. This day will be unforgettable because the degradation of the democratic practice became evident, transformed in a spectacle with no respect to the Constitution.
Everybody knows that the prosecution doesn’t bring any charges against President Roussef for corruption, but only for budgetary mismanagement of the federal budget, which has already been practiced by others presidents. But almost no deputy cited this issue in his/her vote, as if the trial was another. Indeed, it was another, which makes this vote unconstitutional.
The cure could be worse than the disease. If the impeachment goes on and we have the misfortune of getting vice president Temer and the corrupted PMDB ruling the country, things can get worse in terms of political unsustainability. The Supreme Court may also revoke Temer and then the president would be Eduardo Cunha (argh!). If then we have luck and the House impeaches Cunha, the position will be for Renan Calheiros (who is also persecuted for corruption)! And if the Senate also impeaches Calheiros, Gilmar Mendes would in turn replace him. Mendes is the one who defended Collor in 1992, he is the judge of hate, not the one of temperance! We have hideous prospects ahead. Only one alternative remains to be wished: stay Dilma, stay! The PT and her government seriously screwed up, associated with bad people and misbehaved, but her biography is a thousand times more decent than these gentlemen´s ones.
How to find hope in the midst of so much sadness? Exactly in the fact that party politics are so degraded that civil society is in a process of inventing, to create new political models. In Brazil, and in the world, horizontal models are being born. They provide social control at all stages of political processes, they separate political and economic power, they keep careerism apart, have great local roots, favor interpersonal trust as well as collective responsibility. Innovations always begin in an invisible way. The Brazilian population wishes ethical politics - and this demand is from the entire, united, society - and does not want the same anymore. It should evolve in search of a deep political reform.
The hope also comes from the fact that the millions of people who built the Brazilian democracy are vigilant. Many of them evolved in their political practices for more co-responsibility and want to see this evolution in Brazil. We have already made profound changes in the country and we will continue to do so, this time it will be with our children´s, the new generation, support. These, who share horizontal networks and need not to lie at home, do not tolerate the policy that is going on and require consistency between what is said and what is done. The future is theirs and we will help them build it, without allowing any setback.
Collor et Dilma: l'appauvrissement de la politique au Brésil
April 19, 2016 17:31 - Pas de commentaireJe suis de la génération qui a construit la fin de la dictature militaire, avec la campagne pour l´Amnistie des prisonniers et exilés politiques et pour des élections presidentielles directes (Diretas Já) dans les annés 1970 et 1980. Ensuite, cette génération es t descendue dans la rue à la recherche d'éthique dans la politique, demandant la destitution du président, playboy corrompu, Fernando Collor. Par conséquent, je ne pouvais pas ne pas m´emouvoir devant le spectacle de la pauvreté politique que j´ai vu à la télévision ce 17 avril, bien que le résultat ne soit pas définitif (car il y a encore le vote au Sénat). Ce triste spectacle illustre le moment politique que nous vivons.
En 1992, lors du impeachement de Collor, nous avons eu une campagne dans les rues menée par les mouvements sociaux, les mêmes qui avaient renversé la dictature, et des gens honorables au parlement qui dirigeaient le processus pro-impeachment. Maintenant, je n´ai vu que la face cyniquement maladive d´Eduardo Cunha, le portrait parfait du politique mafieux, en tant que président de la cour. Au lieu d'écouter des discours émouvants de députés qui ont honoré à l´époque leur vie dédiée au Brésil, j'ai entendu des déclarations en colère et / ou fascistes, à côté d´autres, infantines, du genre "j´embrasse maman et papa qui me regardent à la télé." Ceux qui ont voté pensant véritablement défendre le pays de la corruption étaient probablement gênés d'être en telle compagnie.
Au lieu de voir, comme en 1984 et en 1992, une population enthousiaste des progrès démocratiques réalisés dans le pays et unie dans la défense du Brésil, on a vu une division cruelle d´une partie de la société brésilienne, manipulée par les partis politiques et les médias qui imposent leurs vues au lieu d'informer. Ce jour 17 Avril 2016 sera inoubliable, car il a révelé la dégradation du processus politique démocratique et sa transformation en un spectacle mediatique sans respect de la Constitution. Tout le monde sait que l´inculpation de « crime de responsabilité » de la présidente qui est en cours d'ouverture n´est lié à aucune affaire de corruption, mais plutôt à une manipulation « bureaucratique », assez courante, du budget de l´Etat. Mais presque aucun député a cité cette question dans son vote, comme si le procès était un autre. Ce qui était effectivement le cas, c´est ce qui est contraire à la Constitution.
Eh bien, seulement le remède peut être pire que le mal! Si la mise en accusation se confirme, nous aurons le ténébreux Temer (le vice président du corrompu PMDB) comme gouverneur du pays, et les choses pourront empirer encore en termes de précarité politique. Temer peut aussi être révoqué par la Cour Suprême et alors ce sera Eduardo Cunha qui sera le président (Argh!). Si nous avons la chance que Cunha soit mis en accusation par la Chambre (une enquête est en cours), la vacance sera remplie par Renan Calheiros (également en examen)! Et si ce dernier est destitué par le Sénat pour corruption, il peut à son tour être remplacé par Gilmar Mendes , qui a défendu la mise en accusation de Collor et qui est le juge de la haine et non de la tempérance! Cette perspective hideuse avance. Il ne reste plus qu'à prier : Dilma Reste! Le PT et son gouvernement ont fait des erreurs sérieuses, se sont acoquinés avec des gens malsains et ont consommé leurs propres méfaits, mais la biographie de Dilma est mille fois plus décente que celle de ces messieurs.
Comment trouver l´espoir au mileu de tant de tristesse? Justement, dans le fait que la politique partisane est tellement dégradée que la société civile est en train d´inventer de nouveaux modèles politiques. Des modèles horizontaux sont en train de naître au Brésil et dans le monde. Ces modèles prévoient un contrôle par la société civile à chaque étape des processus politiques ; ils séparent la politique du pouvoir économique, refusent le carrièrisme politique, ont un fort ancrage local, favorisent la confiance interpersonnelle et la responsabilité collective. Les innovations sont toujours invisibles au début, mais la population brésilienne, indépendemment de sa couleur polique, aspire à une vie politique plus saine. C´est cela qui nous unit et qui va nous faire évoluer vers une réforme politique profonde.
L´espoir vient aussi du fait que les millions de brésiliens qui avons construit la démocratie sommes vigilants, qu´une grande partie d´entre nous a évolué dans ses pratiques politiques vers une plus grande co-responsabilité. Nous voulons voir le Brésil évoluer dans ce sens, comme sont en train de le faire d´autres pays depuis peu. Nous avons déjà fait de profondes transformations dans ce pays et nous continuerons à en faire, cette fois-ci avec l´aide des jeunes générations , celles de nos enfants. Ils sont immergés dans les réseaux horizontaux et n´ont pas besoin de mentir à la maison, aussi ils ne tolèrent pas cette politique- là et exigent que les gens soient cohérents dans leurs faits et leurs paroles. Le futur leur appartient et nous les aiderons à le construire, sans permettre des reculades.
Voir quelques articles dans la presse internationale.
1 - New York Times: http://www.nytimes.com/…/dilma-rousseff-targeted-in-brazil-…
2 - El País: http://brasil.elpais.com/…/linha-sucessoria-de-dilma-rouss…/
3 - Der Spiegel: http://www.spiegel.de/…/brasilien-hexenjagd-auf-lula-ein-ka…
4 - The Independent: http://www.independent.co.uk/…/brazils-political-process-da…
5 - Le Monde: http://www.lemonde.fr/…/bresil-michel-temer-voit-son-heure-…
6 - Forbes: http://www.forbes.com/…/why-impeaching-brazils-president-di…