O professor Marcos Rossi Santos, do Laboratório de Ecologia Acústica e Comportamento Animal, da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB),  coordenou a pesquisa da primeira expedição científica Bioacústica à Vela no Parque Nacional Marinho de Abrolhos, um trabalho inédito no país com  o objetivo de contribuir com a preservação marinha. 

A iniciativa realizada através do veleiro Lucky Lady, de 30 pés, partiu da Bahia Marina com cinco tripulantes com  a proposta de fazer o mapeamento acústico das baleias jubarte na costa da Bahia por meio de monitoramento sonoro com hidrofone e gravador digital. A equipe que conta ainda com a participação da estudante do curso de Bacharelado em Biologia, Clara Resende, captou o canto das baleias jubarte, espécie-bandeira migratória que frequenta o litoral baiano entre julho e novembro, período reprodutivo desta espécie.

Segundo os pesquisadores da Expedição, uma das principais características desta espécie é o canto realizado pelos machos com função de reprodução. Esses sons serão utilizados para fornecer estimativas de quantos “cantores” habitam a rota entre Salvador e Abrolhos e onde eles se concentram.

As gravações dos sons das baleias foram realizadas a cada três horas, por cinco a dez minutos. Neste percurso, foram avistados 23 grupos de baleias jubarte, totalizando 54 indivíduos e 43 pontos de gravação. Em todos os pontos de gravação foi detectado o canto da jubarte, confirmando que toda a região é intensamente frequentada como área reprodutiva.

O professor Marcos Rossi Santos,  explica que a divisão da equipe em multitarefas foi  essencial para o desenvolvimento da navegação e coleta de dados científicos do registro da expansão da população das baleias jubartes através do estudo de seu canto característico. “A bioacústica hoje vem se configurando como uma ferramenta tecnológica fundamental para o monitoramento dos sons nos oceanos. Acredito ser importante que a UFRB também esteja atuando com a pesquisa marinha de ponta, afirmando a tradicional relação do Recôncavo da Bahia com o ambiente costeiro-marinho que o cerca, e capacitando novos jovens para seguirem nesta área de pesquisa.", esclarece Rossi.

A Expedição totalizou 750 milhas náuticas navegadas em 130 horas, sendo 100 horas apenas à vela. Esta, segundo os organizadores, foi uma preocupação sustentável em todas as esferas da pesquisa, tanto para o consumo de combustível – apenas 100 litros de diesel foram consumidos durante todo o percurso -, quanto para o consumo de água e produção de energia.

A pesquisa é realizada pela Bemfica Expedições e financiada pela Cetacean Society International, Bahia Marina e Belov Engenharia. Em Abrolhos, a equipe contou com o apoio da Marinha do Brasil e Instituto Baleia Jubarte (IBJ) base Caravelas. O projeto foi executado pelo Laboratório de Ecologia Acústica e Comportamento Animal (LEAC) da UFRB.

Confira fotos da expedição.

Créditos: Tais Bemfica, Priscila Steffens e Marcos Rossi Santos.

{gallery}noticias2016/expedicao-cientfica{/gallery}