Documentário sobre babalorixá Pai Pote será lançado em Santo Amaro, dia 16, com apoio da UFRB

O documentário “Pai Pote, o filho de Ogum”, primeiro filme de longa metragem realizado em Santo Amaro e dirigido por uma santamarense, a cineasta Laís Lima, terá sua exibição de pré-estreia em praça pública da cidade localizada no Recôncavo baiano. O lançamento acontece na sexta-feira, dia 16 de maio, às 18h, na Praça da Purificação de Santo Amaro, com apoio da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB).

O documentário aborda a história da vida de José Raimundo Lima Chaves, conhecido mundialmente como Pai Pote, um homem negro, gay e babalorixá de Santo Amaro. Com 40 anos de dedicação ao Candomblé, a liderança religiosa é responsável por disseminar a cultura do Recôncavo, da Bahia e da religião de matriz africana em diversos países do mundo, como Estados Unidos, Portugal, França, Alemanha, entre outros.

“A relação que eu tenho com o Candomblé é uma relação oriunda do meu nascimento, do meu cotidiano, da minha vida, do meu pai e da minha mãe, dos meus vizinhos, da minha família e da cidade que eu nasci. É uma relação de amor, carinho e de pureza. De comprometimento com a ancestralidade, com os Orixás, com a natureza”, declara Pai Pote, que faz questão de enfatizar sua relação com a cultura e energia do povo negro em toda a sua trajetória. “Eu nasci nessa diáspora que trouxeram para cá para o Brasil”, destaca o pai de santo.

“É Ogum quem governa a vida e destino de Pai Pote, sua relação com o orixá já mostrava sinais desde o seu nascimento. Ele nasceu onde existe uma linha de trem de ferro, na Rua Barão de Vila Viçosa, que é conhecida como Rua da Linha da Rede Ferroviária Federal, e Ogum é o orixá dono das estradas de ferro e dos caminhos”, explica Laís Lima, que é neta de santo do babalorixá. A ideia de fazer um filme sobre ele surgiu a partir de encontros em outros trabalhos de sua carreira como cineasta, em que realizou registros audiovisuais sobre o Bembé do Mercado e personagens importantes dessa celebração religiosa e cultural que ocorre em Santo Amaro.

Um dos mais importantes ativistas pelo reconhecimento e valorização do Bembé do Mercado, Pai Pote tem sido fundamental para garantir a preservação dessa manifestação secular, que em 2025 completa 136 anos. Hoje, o Bembé é Patrimônio Imaterial da Bahia, pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), e do Brasil, pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). Tudo isso graças aos esforços do babalorixá, que é o presidente da Associação Beneficente Bembé do Mercado desde a sua fundação. Por meio dessa entidade, ele está em diálogo com a UNESCO para que reconheça o Bembé como patrimônio da humanidade.

Narrativa do filme

A condução narrativa do filme se baseia em três grandes eventos anuais da agenda de Pai Pote, são eles: a Lavagem da Purificação que acontece em meio aos festejos sagrados e profanos de Nossa Senhora da Purificação, no final do mês de janeiro, quando Pai Pote conduz o cortejo das baianas pelas ruas da cidade; o Bembé do Mercado, que acontece sempre em dias próximos ao 13 de maio, data do seu primeiro acontecimento; e a Lavagem de La Madeleine em Paris, onde Pai Pote participa como principal liderança religiosa desde a sua primeira edição no ano de 2001.

“Fazer cinema documentário é um ofício cheio de desafios e filmar festejos importantes tem seu peso. Quando escrevi a proposta do filme, já imaginei que acompanhar um ano na vida de Pai Pote teria uma agenda bastante movimentada. Filmamos em Santo Amaro, em Paris e também na 1ª Caminhada contra a Intolerância Religiosa de Lisboa”, conta Laís, que ficou impressionada com a grandiosidade de Pai Pote e seu trabalho incansável em defesa do Bembé do Mercado. “Lembro quando estávamos na UNESCO, com a embaixadora do Brasil na entidade. Nós estávamos ali num lugar que pouca gente tem acesso e ele tornou tudo isso possível. Como um bom homem de Ogum, ele abre caminhos”, diz.

Apoio e financiamento

O filme é financiado pelo Governo do Estado da Bahia, através do edital da Lei Paulo Gustavo. Tem apoio da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), através da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (PROEXC) e do Centro de Cultura, Linguagens e Tecnologias Aplicadas (Cecult), campus de Santo Amaro.

A cineasta Laís Lima é egressa da UFRB, dos cursos de pós-graduação em Cidadania e Ambientes Culturais do Cecult e da graduação em Cinema, vinculada ao Centro de Artes, Humanidades e Letras (CAHL), em Cachoeira, onde também foi professora substituta. 

A equipe do documentário é formada majoritariamente por mulheres, que assumem funções importantes dentro do projeto, como direção, produção executiva, direção de fotografia dentre outras. As filhas e filhos de santo de Pai Pote também compõem a equipe de produção do filme. 

Parceria UFRB e UEFS seleciona projetos inovadores para 2ª edição do Programa Novatores

O Programa Novatores powered by InovAtiva está com inscrições abertas para sua 2ª edição, realizada pela parceria entre Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB) e Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). Serão selecionados 30 projetos de negócio inovador, sendo cinco deles vinculados à UFRB, para fazer parte do programa de aceleração de projetos e receber capacitação empreendedora, fortalecendo o debate em torno do ecossistema de inovação da região.

As inscrições devem ser realizadas por meio de formulário online, disponibilizado exclusivamente no site do programa, até o dia 20 de maio de 2025. O programa visa projetos de negócio inovador que se encontrem em fase de ideação ou validação. Podem se inscrever pessoas físicas residentes nos territórios de identidade Portal do Sertão, Litoral Norte e Agreste Baiano, Recôncavo, Bacia do Jacuípe, Sisal, e Vale do Jiquiriçá, que estejam vinculadas ao projeto, que detenham titularidade sobre ele ou que o representem e atuem em nome dele. 

O programa é totalmente gratuito e voltado para quem está no início do caminho empreendedor, seja com uma ideia ainda em formação, seja com um projeto que já começou a ser testado. Durante três meses, os participantes recebem acompanhamento personalizado com especialistas, capacitações práticas sobre como estruturar o negócio, ajuda para apresentar a ideia de forma clara e atraente e contato com possíveis parceiros e investidores. 

Como explica o representante do Novatores na UFRB e responsável pela Incubadora Seiva, Geovane Santana, não é necessário ter experiência prévia em negócios para participar do programa, apenas vontade de transformar uma boa ideia em realidade. “Na primeira edição, tivemos a participação de um projeto da UFRB, a Startup Impluse, criada por Cecília Gomes e Crycia Almeida. Para esta segunda edição, esperamos ampliar a nossa representação”, afirma. Ainda de acordo com Geovane Santana, esta será a primeira aceleração no âmbito das discussões para construção do ecossistema de Inovação do Recôncavo, portanto uma excelente oportunidade para comunidade acadêmica da UFRB e para o Território. 

Para o coordenador do Novatores powered by InovAtiva na UEFS, professor Angelo Loula, o programa existe para mostrar que boas ideias podem virar negócios reais, independentemente de onde surjam. “No ano passado, ajudamos 25 projetos a saírem do papel – desde soluções tecnológicas até produtos que valorizam nossa cultura local”, aponta. “Muitas pessoas têm ideias brilhantes, mas não sabem por onde começar. Nosso papel é justamente oferecer o caminho e os apoios necessários para que essas ideias se transformem em soluções concretas”, explica o coordenador.

O programa Novatores é uma iniciativa da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), por meio da Agência de Inovação (InovaUEFS), e em 2025 conta também com a co-realização da Universidade Federal do Recôncavo (UFRB), através da Incubadora Seiva, e do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA). O Novatores conta ainda com o apoio do Sebrae, metodologia da Wadhwani Foundation e parceria do Hub Feira.

Mais informações no site https://novatores.uefs.br/ ou pelo Instagram @aceleranovatores.